quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O Reino de Deus está Próximo


O Ministério de João Batista

Mateus 3

Segunda: Lucas 1:5-25;
Terça: Lucas 1:57-66;
Quarta: Mateus 3:1-12;
Quinta: Lucas 3:19,20; 7:18-23;
Sexta: Lucas 7:24-35;
Sábado: Marcos 6:14-29;
Domingo: Isaías 40:3-11.

O ministério de João Batista ocupa um lugar especial na história bíblica. Constitui-se um elo importante entre o Antigo e Novo Testamentos, por ser o cumprimento de profecias a respeito daquele que viria para preparar o caminho para Jesus.

Nos tempos antigos, no Oriente, a chegada de um rei a uma determinada cidade ou região era precedida por um mensageiro, que percorria todos os caminhos, fáceis ou difíceis, proclamando que o rei estava vindo. Esse mensageiro era o arauto, que anunciava a guerra ou a paz. Conforme se lê em Isaías 40:3 e Malaquias 3:1. João Batista era esse arauto, cuja missão consistia em proclamar a chegada do Rei dos reis, chamando todos ao arrependimento. No Evangelho de Marcos, as únicas referências ao Antigo Testamento são as duas acima mencionadas, o que confere a João Batista uma posição de destaque no processo da implantação do Reino de Deus entre os homens. Exerceu o seu ministério no 15° ano do imperador Tibério Cesar, por volta de 28 e 29 da era cristã (Lucas 3:1).

Para muitos, tanto no início da era cristã, como ainda hoje, João era Elias reencarnado ou redivino. Porém isto é impossível, já que Elias não morreu, antes foi arrebatado aos céus, assim como Enoque. Na verdade João Batista exerceu um ministério similar ao de Elias. As profecias indicavam alguém que viria para exercer um ministério na mesma unção e poder de Elias, ou seja, nos mesmos moldes em que Elias exerceu o seu ministério (Malaquias 4:5,6; Lucas 1:17). E Jesus afirmou isto, dizendo que João era o profeta esperado nas Escrituras (Mateus 11:14; 17:10-13; Malaquias 4:5,6).

Sobre a pessoa de João Batista pode-se destacar:
  •  Era filho de Zacarias e Isabel (Lucas 1:5-25);
  • Seu pai era sacerdote (Lucas 1:5);
  • Era parente de Jesus (Lucas 1:36);
  • Seu nascimento foi por meio de uma intervenção divina (Lucas 1:24-25). E desde o ventre materno foi batizado com o Espírito Santo, o que lhe conferiu ser o maior dos nascidos de mulher (Lucas 1:41; Mateus 11:11);
  • Era nazireu, alguém consagrado a Deus por meio de um voto especial (Lucas 1:15; Números 6:1-9), ocupando o sacerdócio que havia sido corrompido na época de Anás e Caifás. Era necessário um sacerdote comprometido com o Senhor que impusesse as mãos sobre o Cordeiro do sacrifício, como um ato de passar os pecados de todos, cumprindo a tipologia do dia da expiação, quando o sumo-sacerdote entrava no Santo dos santos para oferecer um sacrifício pelos pecados de todos (Hebreus 9:7);
  • Sua vida foi muito austera. Desde pequeno foi entregue aos beduínos do deserto, entre os essênios, pois Herodes havia decretado a morte dos primogênitos. Viveu entre estes profetas estudando a Torá, numa vida destituída de qualquer luxo. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre, alimentação comum dos pobres no Oriente. Vestia-se de roupas feitas de pêlos de camelo e um cinto de couro, como Elias (Marcos 1:6; II Reis 1:8);
  • Sua autoridade e poder eram semelhantes ao de Elias (Mateus 11:14; Lucas 1:17);
  • Era um profeta e “o maior entre os nascidos de mulher” (Mateus 11:9,11);
  • Foi extremamente humilde (Marcos 1:7);
  • Foi corajoso no combate ao que não estava de acordo com a Lei de Deus (Marcos 6:17,18);
  • Sua pregação era forte e confrontava com o pecado. Lembra em parte a pregação de Jonas e se assemelha às palavras de Elias (Lucas 3:1-17);
  • Exerceu um ministério poderoso e de grande alcance. Conta-se que ele tinha 200 auxiliares e batizava cerca de 5000 pessoas por dia. Mesmo assim, mantinha-se humilde e concentrado na missão que Deus lhe deu (João 1:20-23, 27; 3:30).
O que se pretende com este estudo é uma apresentação da importância do ministério de João Batista para o ministério de Jesus, por meio de uma contextualização de sua mensagem para os dias atuais.

1. Uma nova compreensão do Messias

João Batista foi escolhido para apresentar Cristo ao mundo (João 1:6,7). No entanto ele, primeiramente, apresentou-o aos religiosos de seu tempo (fariseus, saduceus, escribas...), que possuíam uma compreensão totalmente distorcida do Messias prometido no Antigo Testamento. Os judeus esperavam alguém que pudesse livrá-los do poder romano; alguém cujo reino se estabeleceria na terra, restaurando a sua dignidade como nação e raça. Porém, João o apresentou com o Redentor, como aquele que pode transformar vidas, batizando-as com o Espírito Santo e com fogo. A sua pregação apontava para Jesus, revelando-o como o Filho de Deus, o Salvador de todos aqueles que sinceramente se arrependem de seus pecados (João 1:29).

Após o batismo de Jesus, a autenticidade da mensagem de João Batista foi confirmada por Deus Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17). Assim, a pregação de João apresentava a Cristo como verdadeiramente Ele é.

Não são poucos aqueles que possuem uma compreensão errada ou distorcida da pessoa de Cristo. Certa vez, Jesus perguntou aos discípulos: “Quem o povo diz ser o Filho do Homem?” As resposta foram variadas: para alguns, Ele era o próprio João Batista; para outros, Elias; e outros diziam que Ele era Jeremias ou algum dos profetas (Mateus 16:13,14). Essas respostas revelam a ignorância de muitos em relação à pessoa de Jesus. Entretanto, uma compreensão exata a seu respeito considera-o como o Cristo, o Filho de Deus vivo (Mateus 16:16). Hoje muitos tem a Jesus como um simples homem do passado, ou apenas um profeta, ou um mero milagreiro. Mas se esquecem que Ele é Senhor, autoridade suprema (Filipenses 2:5-11), a quem nós devemos nos submeter como servos.

2. Uma nova compreensão da religião

O ministério de João Batista foi marcado por um forte apelo ao arrependimento. O próprio batismo que João realizava era conhecido como batismo de arrependimento. Arrependimento no grego é metanoia e significa “mudança de mente, de um propósito que se tinha ou de algo que se fez”. É algo profundo e não somente fala de mudança de atitudes, mas do que realmente somos. Essa era uma condição que se constituía numa evidência de preparação para a vinda de Jesus. Sem o arrependimento não é possível entrar no Reino de Deus, nem mesmo vê-lo (João 3:3,5). Se não houvesse esta preparação, o Senhor feriria a terra com maldição (Malaquias 4:6). Muitos, hoje, firmam-se em sua tradição religiosa, orgulhando-se de terem nascido em famílias cristãs, ou de pertencerem a determinada denominação, desprezando por completo a necessidade de uma fé pessoal em Cristo Jesus (Mateus 3:1,2). Assim, o novo tempo que Jesus viria instaurar deveria ser percebido com demonstração de quebrantamento do coração, para que a comunhão com o Pai celestial pudesse ser estabelecida. João Batista precedeu a Cristo, preparando o povo com uma mensagem desafiadora. A sensibilidade de coração seria um forte indício de que aquele povo estava se preparando para viver a vida no Espírito.

A mensagem profética de João Batista era primeiramente para os judeus que, orgulhosamente, viviam a sua religião legalista, firmando-se em sua tradição e desprezando a necessidade de arrependimento (Mateus 23:1-36—veja como eram os religiosos da época de Jesus). Para os judeus, a vinda do Messias seria para estabelecer um reino político, um reino para os judeus. Dessa maneira, a compreensão que tinham do Reino de Deus era totalmente contrária àquela que João Batista veio apresentar. Enquanto aguardavam um libertador político, que os salvaria da opressão dos romanos, Jesus veio para libertar de uma escravidão muito maior - a causada pelo pecado.

No entender de João, o Reino de Deus trazido por Jesus era de justiça e paz. O estilo de vida do povo é o que expressaria o recebimento desse reino. Não é a tradição religiosa que revela a entrada de alguém no Reino dos céus. Os judeus se orgulhavam de serem descendentes de Abraão, por isso achavam que estavam vivendo vida agradável a Deus. João Batista mostrou a eles a necessidade de um arrependimento sincero (Lucas 3:8,9). Pelo arrependimento, as pessoas estariam preparadas para receber aquele que batiza com o Espírito Santo e não por serem descendentes de sangue de Abraão.

Todos os que se apresentavam para o batismo de João eram desafiados a reconhecer os seus pecados, confessá-los e dar provas do seu arrependimento. Portanto, a verdadeira religião é resultado de uma mudança interior, de dentro para fora (Mateus 3:7,8).

O batismo que João ministrava era um sinal de que eles haviam se arrependido de seus pecados e aguardavam o momento de receber o Messias. A partir daí, então, experimentavam uma compreensão totalmente nova da religiosidade.

3. Uma nova compreensão da vida

Com certeza, o estilo de vida de João mostrava um desapego total das coisas materiais. Considerado por Jesus mais que um profeta e o maior “entre os nascidos de mulher” (Mateus 11:9,11), ele se julgava indigno de desatar as correias das sandálias de Jesus (Marcos 1:7). Essa atitude era um sinal da sua humildade. A compreensão que ele tinha da vida era de que estava na posição de servo, não de senhor. Muitos lhe perguntaram se ele mesmo era o Cristo, mas sempre respondia que não era (João 1:20). Talvez uma das maiores atitudes de humildade foi quando, no auge do seu ministério, surge o Senhor Jesus e ele permite que alguns dos seus principais discípulos sigam a Ele (João 1:36,37) e, quando alguns de seus discípulos, tomados por inveja, questionaram sobre o fato de Jesus estar batizando também. Frente a isto João nem se incomodou, antes disse que Jesus deveria crescer e ele diminuir, e que sua missão como aquele que estava preparando o caminho para o Messias estava se cumprindo (João 3:22-36). Ele não se preocupava com o poder, a fama, etc. Para ele, a vida representava muito mais. Sua pregação apontava nesta direção. Ao desafiar o povo a uma mudança de comportamento, João estava apresentando também alguns dos verdadeiros valores da vida: a simplicidade, a solidariedade, a justiça, o amor e o contentamento (Marcos 1:6; Lucas 3:11).

Assim, percebe-se que o ministério de João Batista, como precursor de Cristo, caracteriza-se pela apresentação de algo totalmente novo. As velhas e arcaicas estruturas religiosas, bem como a compreensão distorcida de um Messias que viria para implantar um reino terreno, são desfeitas. Uma nova compreensão da vida estava surgindo, preparando o povo para um estilo de vida compatível com o Reino dos céus.

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