Mateus
3
Segunda:
Lucas
1:5-25;
Terça:
Lucas
1:57-66;
Quarta:
Mateus
3:1-12;
Quinta:
Lucas
3:19,20; 7:18-23;
Sexta:
Lucas
7:24-35;
Sábado:
Marcos
6:14-29;
Domingo:
Isaías
40:3-11.
O
ministério de João Batista ocupa um lugar especial na história
bíblica. Constitui-se um elo importante entre o Antigo e Novo
Testamentos, por ser o cumprimento de profecias a respeito daquele
que viria para preparar o caminho para Jesus.
Nos
tempos antigos, no Oriente, a chegada de um rei a uma determinada
cidade ou região era precedida por um mensageiro, que percorria
todos os caminhos, fáceis ou difíceis, proclamando que o rei estava
vindo. Esse mensageiro era o arauto, que anunciava a guerra ou a paz.
Conforme se lê em Isaías 40:3 e Malaquias 3:1. João Batista era
esse arauto, cuja missão consistia em proclamar a chegada do Rei dos
reis, chamando todos ao arrependimento. No Evangelho de Marcos, as
únicas referências ao Antigo Testamento são as duas acima
mencionadas, o que confere a João Batista uma posição de destaque
no processo da implantação do Reino de Deus entre os homens.
Exerceu o seu ministério no 15° ano do imperador Tibério Cesar,
por volta de 28 e 29 da era cristã (Lucas 3:1).
Para
muitos, tanto no início da era cristã, como ainda hoje, João era
Elias reencarnado ou redivino. Porém isto é impossível, já que
Elias não morreu, antes foi arrebatado aos céus, assim como Enoque.
Na verdade João Batista exerceu um ministério similar ao de Elias.
As profecias indicavam alguém que viria para exercer um ministério
na mesma unção e poder de Elias, ou seja, nos mesmos moldes em que
Elias exerceu o seu ministério (Malaquias 4:5,6; Lucas 1:17). E
Jesus afirmou isto, dizendo que João era o profeta esperado nas
Escrituras (Mateus 11:14; 17:10-13; Malaquias 4:5,6).
Sobre
a pessoa de João Batista pode-se destacar:
- Era filho de Zacarias e Isabel (Lucas 1:5-25);
- Seu pai era sacerdote (Lucas 1:5);
- Era parente de Jesus (Lucas 1:36);
- Seu nascimento foi por meio de uma intervenção divina (Lucas 1:24-25). E desde o ventre materno foi batizado com o Espírito Santo, o que lhe conferiu ser o maior dos nascidos de mulher (Lucas 1:41; Mateus 11:11);
- Era nazireu, alguém consagrado a Deus por meio de um voto especial (Lucas 1:15; Números 6:1-9), ocupando o sacerdócio que havia sido corrompido na época de Anás e Caifás. Era necessário um sacerdote comprometido com o Senhor que impusesse as mãos sobre o Cordeiro do sacrifício, como um ato de passar os pecados de todos, cumprindo a tipologia do dia da expiação, quando o sumo-sacerdote entrava no Santo dos santos para oferecer um sacrifício pelos pecados de todos (Hebreus 9:7);
- Sua vida foi muito austera. Desde pequeno foi entregue aos beduínos do deserto, entre os essênios, pois Herodes havia decretado a morte dos primogênitos. Viveu entre estes profetas estudando a Torá, numa vida destituída de qualquer luxo. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre, alimentação comum dos pobres no Oriente. Vestia-se de roupas feitas de pêlos de camelo e um cinto de couro, como Elias (Marcos 1:6; II Reis 1:8);
- Sua autoridade e poder eram semelhantes ao de Elias (Mateus 11:14; Lucas 1:17);
- Era um profeta e “o maior entre os nascidos de mulher” (Mateus 11:9,11);
- Foi extremamente humilde (Marcos 1:7);
- Foi corajoso no combate ao que não estava de acordo com a Lei de Deus (Marcos 6:17,18);
- Sua pregação era forte e confrontava com o pecado. Lembra em parte a pregação de Jonas e se assemelha às palavras de Elias (Lucas 3:1-17);
- Exerceu um ministério poderoso e de grande alcance. Conta-se que ele tinha 200 auxiliares e batizava cerca de 5000 pessoas por dia. Mesmo assim, mantinha-se humilde e concentrado na missão que Deus lhe deu (João 1:20-23, 27; 3:30).
O
que se pretende com este estudo é uma apresentação da importância
do ministério de João Batista para o ministério de Jesus, por meio
de uma contextualização de sua mensagem para os dias atuais.
1.
Uma nova compreensão do Messias
João
Batista foi escolhido para apresentar Cristo ao mundo (João 1:6,7).
No entanto ele, primeiramente, apresentou-o aos religiosos de seu
tempo (fariseus, saduceus, escribas...), que possuíam uma
compreensão totalmente distorcida do Messias prometido no Antigo
Testamento. Os judeus esperavam alguém que pudesse livrá-los do
poder romano; alguém cujo reino se estabeleceria na terra,
restaurando a sua dignidade como nação e raça. Porém, João o
apresentou com o Redentor, como aquele que pode transformar vidas,
batizando-as com o Espírito Santo e com fogo. A sua pregação
apontava para Jesus, revelando-o como o Filho de Deus, o Salvador de
todos aqueles que sinceramente se arrependem de seus pecados (João
1:29).
Após
o batismo de Jesus, a autenticidade da mensagem de João Batista foi
confirmada por Deus Pai: “Este
é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus
3:17). Assim, a pregação de João apresentava a Cristo como
verdadeiramente Ele é.
Não
são poucos aqueles que possuem uma compreensão errada ou distorcida
da pessoa de Cristo. Certa vez, Jesus perguntou aos discípulos:
“Quem
o povo diz ser o Filho do Homem?” As
resposta foram variadas: para alguns, Ele era o próprio João
Batista; para outros, Elias; e outros diziam que Ele era Jeremias ou
algum dos profetas (Mateus 16:13,14). Essas respostas revelam a
ignorância de muitos em relação à pessoa de Jesus. Entretanto,
uma compreensão exata a seu respeito considera-o como o Cristo, o
Filho de Deus vivo (Mateus 16:16). Hoje muitos tem a Jesus como um
simples homem do passado, ou apenas um profeta, ou um mero
milagreiro. Mas se esquecem que Ele é Senhor, autoridade suprema
(Filipenses 2:5-11), a quem nós devemos nos submeter como servos.
2.
Uma nova compreensão da religião
O
ministério de João Batista foi marcado por um forte apelo ao
arrependimento. O próprio batismo que João realizava era conhecido
como batismo de arrependimento. Arrependimento no grego é metanoia
e significa “mudança de mente, de um propósito que se tinha ou de
algo que se fez”. É algo profundo e não somente fala de mudança
de atitudes, mas do que realmente somos. Essa era uma condição que
se constituía numa evidência de preparação para a vinda de Jesus.
Sem o arrependimento não é possível entrar no Reino de Deus, nem
mesmo vê-lo (João 3:3,5). Se não houvesse esta preparação, o
Senhor feriria a terra com maldição (Malaquias 4:6). Muitos, hoje,
firmam-se em sua tradição religiosa, orgulhando-se de terem nascido
em famílias cristãs, ou de pertencerem a determinada denominação,
desprezando por completo a necessidade de uma fé pessoal em Cristo
Jesus (Mateus 3:1,2). Assim, o novo tempo que Jesus viria instaurar
deveria ser percebido com demonstração de quebrantamento do
coração, para que a comunhão com o Pai celestial pudesse ser
estabelecida. João Batista precedeu a Cristo, preparando o povo com
uma mensagem desafiadora. A sensibilidade de coração seria um forte
indício de que aquele povo estava se preparando para viver a vida no
Espírito.
A
mensagem profética de João Batista era primeiramente para os judeus
que, orgulhosamente, viviam a sua religião legalista, firmando-se em
sua tradição e desprezando a necessidade de arrependimento (Mateus
23:1-36—veja como eram os religiosos da época de Jesus). Para os
judeus, a vinda do Messias seria para estabelecer um reino político,
um reino para os judeus. Dessa maneira, a compreensão que tinham do
Reino de Deus era totalmente contrária àquela que João Batista
veio apresentar. Enquanto aguardavam um libertador político, que os
salvaria da opressão dos romanos, Jesus veio para libertar de uma
escravidão muito maior - a causada pelo pecado.
No
entender de João, o Reino de Deus trazido por Jesus era de justiça
e paz. O estilo de vida do povo é o que expressaria o recebimento
desse reino. Não é a tradição religiosa que revela a entrada de
alguém no Reino dos céus. Os judeus se orgulhavam de serem
descendentes de Abraão, por isso achavam que estavam vivendo vida
agradável a Deus. João Batista mostrou a eles a necessidade de um
arrependimento sincero (Lucas 3:8,9). Pelo arrependimento, as pessoas
estariam preparadas para receber aquele que batiza com o Espírito
Santo e não por serem descendentes de sangue de Abraão.
Todos
os que se apresentavam para o batismo de João eram desafiados a
reconhecer os seus pecados, confessá-los e dar provas do seu
arrependimento. Portanto, a verdadeira religião é resultado de uma
mudança interior, de dentro para fora (Mateus 3:7,8).
O
batismo que João ministrava era um sinal de que eles haviam se
arrependido de seus pecados e aguardavam o momento de receber o
Messias. A partir daí, então, experimentavam uma compreensão
totalmente nova da religiosidade.
3.
Uma nova compreensão da vida
Com
certeza, o estilo de vida de João mostrava um desapego total das
coisas materiais. Considerado por Jesus mais que um profeta e o maior
“entre os nascidos de mulher” (Mateus 11:9,11), ele se julgava
indigno de desatar as correias das sandálias de Jesus (Marcos 1:7).
Essa atitude era um sinal da sua humildade. A compreensão que ele
tinha da vida era de que estava na posição de servo, não de
senhor. Muitos lhe perguntaram se ele mesmo era o Cristo, mas sempre
respondia que não era (João 1:20). Talvez uma das maiores atitudes
de humildade foi quando, no auge do seu ministério, surge o Senhor
Jesus e ele permite que alguns dos seus principais discípulos sigam
a Ele (João 1:36,37) e, quando alguns de seus discípulos, tomados
por inveja, questionaram sobre o fato de Jesus estar batizando
também. Frente a isto João nem se incomodou, antes disse que Jesus
deveria crescer e ele diminuir, e que sua missão como aquele que
estava preparando o caminho para o Messias estava se cumprindo (João
3:22-36). Ele não se preocupava com o poder, a fama, etc. Para ele,
a vida representava muito mais. Sua pregação apontava nesta
direção. Ao desafiar o povo a uma mudança de comportamento, João
estava apresentando também alguns dos verdadeiros valores da vida: a
simplicidade, a solidariedade, a justiça, o amor e o contentamento
(Marcos 1:6; Lucas 3:11).
Assim,
percebe-se que o ministério de João Batista, como precursor de
Cristo, caracteriza-se pela apresentação de algo totalmente novo.
As velhas e arcaicas estruturas religiosas, bem como a compreensão
distorcida de um Messias que viria para implantar um reino terreno,
são desfeitas. Uma nova compreensão da vida estava surgindo,
preparando o povo para um estilo de vida compatível com o Reino dos
céus.