quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sociedade sem Lei

O conturbado período dos Juízes

Juízes 2:6-23

Segunda: Juízes 3:1-6;
Terça: Juízes 3:7-31
Quarta: Juízes 4:4-16;
Quinta: Juízes 6:11-24;
Sexta: Juízes 9:7-21;
Sábado: Juízes 13;
Domingo: Juízes 17:1-6; 21:25.

Os juízes de Israel atuaram durante um período de 300 a 350 anos, aproximadamente, desde a morte de Josué até o início do ministério de Samuel. Foi o período que antecedeu a instituição da monarquia em Israel.

Os juízes eram, antes de tudo,libertadores ou salvadores do povo. Eram também os responsáveis pelo julgamento de questões que envolviam o povo de Deus (Josué 2:16).

O quadro abaixo, extraído da Bíblia de Estudo Almeida, fornece uma visão geral desse período, bem como os juízes que foram levantados por Deus. Foram 13 juízes:

Alguns citam Abimeleque, como um pseudo-libertador sem autoridade divina (Jz. 9:1) e também a Eli, o sumo-sacerdote (1 Sm. 4:18), mas não foram efetivamente juízes.

O objetivo do presente estudo é apresentar a graça e a misericórdia de Deus, mesmo em meio à infidelidade e fracassos humanos. Eis algumas lições:

1. Altos e baixos: sinais de um povo em crise

O longo período dos juízes é assinalado por altos e baixos na vida do povo de Deus. Sob a liderança de um juiz o povo se mantinha fiel ao Senhor e vivia um período de paz e prosperidade (Jz. 3:11,30; 5:31; 8:28). No entanto, após a morte do juiz, sobrevinha um período em que os israelitas tornavam a fazer “o que era mau perante o Senhor.” (Jz. 4:1; 13:1). Se afastavam do Senhor e seguiam “pós outros deuses, dentre deuses das gentes que havia ao redor deles.” (Jz. 2:12,13; 3:7; 10:6). Havia sempre um ciclo vicioso: (1) Israel deixava o Senhor para servir outros deuses; (2) Deus o entregava nas mãos dos seus opressores; (3) em sua aflição, Israel implora ao Senhor por livramento; (4) o Senhor lhe proporciona um libertador que rompe o jugo dos invasores. Enquanto vivia o juiz, o povo se mantinha fiel ao Senhor, porém após a sua morte, o povo de rebelava e caia em apostasia.

Este ciclo vicioso revela os sinais de um povo em crise. Destacam-se, nesse período de repetidos desvios de Israel, as seguintes crises:

· Crise espiritual: com incrível facilidade, o povo se afastava do Senhor, cultuando ídolos e praticando os atos pagãos das nações vizinhas. Com a apostasia dominando (veja Jz. 2:11-12), tem início uma fase de quedas espirituais na vida do povo. Pelo fato de não conquistar toda a extensão da Terra Prometida, Israel deixou ficar em sua vizinhança um povo cuja idolatria era fonte de perversões, de maldades e provocações ao Senhor. Com isso, os israelitas receberam uma forte influência negativa dos cananitas, comprometendo seriamente a sua vida espiritual;

· Crise de autoridade: Naqueles dias não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava reto.” Essa informação aparece em Jz. 17:6; 18:1; 19:1 e 21:5. Não havendo uma autoridade reconhecida e atuante, o povo mergulhava na confusão. Provérbios 11:14 diz: “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança”;

· Crise moral: num clima de apostasia (abandono da fé), anarquia (sem governo) e confusão, os princípios morais se degeneram e o povo se corrompe. Exemplo disso se encontra no capítulo 19, em que se registra o crime dos habitantes de Gibeá, da tribo de Benjamim. O perigo das crises sempre ronda o povo de Deus. Há, ainda hoje, entre o povo de Deus, práticas religiosas que distorcem e mancham a pureza da vida cristã. São práticas que, em vez de revelar espiritualmente saudável, tornam-se máscaras que escondem uma vida espiritual em decadência. Por exemplo, muitos são aqueles que tem um mau caráter, picaretas, violentos e maus exemplos no lar, mas tentam se esconder na frente dos outros (líderes religiosos) indo aos cultos com longas orações, falsa piedade... A falta de uma liderança bem estruturada favorece o desequilíbrio na igreja, resultando numa sucessão de crises.

2. Justiça e soberania: atributos de um Deus que age

O período conturbado dos juízes era um sinal claro que as pessoas não levavam em conta a justiça e a soberania de Deus. Quando Israel se estabeleceu em Canaã, tinha como objetivo recebido de Deus de revelar a existência de um Deus único, verdadeiro, santo e soberano. No entanto, o povo se rebelou e deixou de cumprir os propósitos de Deus para a sua vida. As consequências foram as opressões dos povos inimigos e o cativeiro. O abandono do Deus Santo resultou em uma situação desastrosa para os israelitas em Canaã.

Arthur E. Cundall, escreveu sobre o livro de Juízes: “O pecado do povo não era coisa insignificante, que se pudesse desprezar; ao contrário, era uma afronta à justiça de Deus e, como tal, visitado por julgamento severo e doloroso. Uma nação que abandona o Senhor ou rebaixa e compromete seus padrões, não pode esperar prosperidade em nenhum sentido.”

As conquistas do povo, por meio dos juízes, eram atos da soberania de Deus. O seu poder soberano é visto através dos vários livramentos dados aos israelitas, por meio dos juízes. Várias nações que foram dominadas eram muito maiores em número do que o próprio Israel. Assim, o Deus soberano é quem luta pelo seu povo (Juízes. 6:16; Salmo 20:7; 118:6,7).

O povo de Deus, ainda hoje, precisa saber que o Senhor está no controle de todas as coisas. A sua justiça e soberania são qualidades que revelam que Ele conduz a história de acordo com Sua vontade.

3. Graça e misericórdia: oportunidades para um novo começo
Repetidas vezes, aparece no livro de Juízes a expressão: “Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor.” Essa rebeldia contra Deus provocava a ira do Senhor, pelo que eram entregues aos inimigos. Alguns desses inimigos os próprios israelitas deixaram ficar na terra de Canaã, enquanto que a ordem de Deus era que fossem eliminados da terra. Contudo, quando o povo, gemendo sob a opressão do inimigo, voltava-se arrependido para o Senhor, era alcançado com  misericórdia e graça divinas. A compaixão de Deus se manifestava a Israel numa demonstração da grandeza do seu amor pelo povo escolhido. Para que se tenha noção da bondade de Deus, basta ler Juízes 2:18 e 10:15.

Contrastando com a pecaminosidade variada do homem, há a constância de um Deus que está sempre pronto a ouvir as angústias de seu povo desviado, e a intervir em seu favor. Ele não age precipitadamente, a fim de apagar o nome de uma nação que o tratou tão horrivelmente. Seus braços ainda estão abertos para receber aquele que clama por perdão. A paciência de Deus e a maravilhosa possibilidade de um novo começo, por meio da Sua graça, faz ressoar uma nota alegre no livro de Juízes, a qual não pode ser silenciada pelos sons discordantes e pecaminosos que parecem predominar.

Atualmente, muitos tem insistido em caminhar por caminhos de pecados. Porém Jesus é o grande libertador que veio para nos livrar das garras do diabo e da condenação. Nele encontramos a verdadeira liberdade e a vida plena (João 8:32,36; Colossenses 1:13,14; Apocalipse 1:4-6).

4. O problema da falta de legado de Josué

Percebemos claramente Moisés instruindo e preparando alguém para que fosse o seu sucessor (Êxodo 17:9-14; 24:13; 33:11; Deuteronômio 1:38; 3:21,28; Deuteronômio 31; 34:9). Entretanto Josué não havia preparado ninguém. Não sabemos se foi falta de alguém disponível ou se foi um erro da parte deste servo de Deus. A falta de deixar um discípulo que continue a obra de Deus traz consequências muito ruins, como vimos no livro de Juízes. Podemos ser usados por Deus para desenvolver grandes ministérios, mas se não atentarmos para a importância do legado, de formar discípulos que continuem a obra, pode ser que praticamente tudo se perca. Foi por causa disto, deste princípio, que o Senhor Jesus se preocupou tanto em formar os seus apóstolos, para que dessem continuidade ao Seu ministério na implantação do Reino de Deus. Ele focou grande parte da Sua vida preparando apenas 12 homens, mas que foram grandemente usados para ganhar o mundo. Sendo Jesus nosso exemplo (1 Pedro 2:21), devemos seguir os Seus passos.

4. O erro de buscar a Deus somente na necessidade

Outro ensinamento que podemos observar claramente no livro de Juízes é o fato de que os filhos de Israel se lembravam de buscar ao Senhor somente quando estavam sendo oprimidos, sofrendo nas mãos dos seus inimigos. Entretanto, quando tudo ia bem, facilmente se esqueciam do Senhor e acabavam dando ouvidos para os ídolos e falsos deuses dos povos vizinhos. Isto na verdade mostra que o povo de Israel não amava verdadeiramente ao Senhor. Seu coração era dividido, queriam na verdade servir a dois senhores, mas isto não é possível (Mateus 6:24).

As pessoas que não tem compromisso com Deus costumam clamar ao Senhor somente quando as coisas apertam, quando estão passando por enfermidades, ou dificuldades financeiras, ou mesmo outros problemas. Isto costuma muitas vezes ser o megafone de Deus para atrair estas pessoas para que ouça a Sua voz. Entretanto é triste observar que muitos, após receber a bênção, viram as costas para Deus, como se nunca tivessem conhecido a Ele. Isto aconteceu com a multidão que seguia após a Jesus. Receberam muitas curas, viram muitos milagres, receberam do amor do Senhor, porém foram os primeiros a gritar: “Crucifica-o!” Isto mostra que o interesse deles estava naquilo que o Senhor podia oferecer a eles e não na pessoa do Senhor. Outro fato a observar é que milagre não salva ninguém, mas sim um verdadeiro encontro com o Senhor Jesus!

Entretanto o que é mais triste do que isto é ver cristãos professos vivendo como se Deus fosse um mero “papai-noel”, ou seja, alguém com quem podemos trocar benefícios. Deus deseja ser nosso Pai, cuidando de nós, fazendo de nós seus filhos, parte de Sua grande família. E é fato observar como muitos tem dificuldade de chamar a Deus de Pai, pois pai é aquele que dá o que precisamos e não o que queremos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário