quarta-feira, 3 de abril de 2013

Novos Céus e Nova Terra

A Esperança do Povo de Deus

Apocalipse 21:1-8

Segunda: Gênesis 1:2-4;
Terça: Isaías 25:1-12;
Quarta: Isaías 65:17-25;
Quinta: Apocalipse 21:1-8;
Sexta: Apocalipse 21:9-27;
Sábado: Apocalipse 22:1-5;
Domingo: Apocalipse 22:6-21.


Os dias atuais são de tensão e medo.

A instabilidade econômica mundial tem tirado a paz de milhões e milhões de pessoas no mundo inteiro.

O desmatamento acelerado e a poluição (industrial e doméstica) estão esgotando as fontes de água, que não são recursos naturais renováveis.

Doenças, como a AIDS, por exemplo, continuam matando milhares e milhares de pessoas em todo o mundo.

A distância entre ricos e pobres continua, provocando inúmeras consequências desastrosas, sendo a violência urbana uma delas.

Diante de uma situação tão caótica como essa, surgem perguntas, tais como: É possível ter esperança? Há algum futuro para este planeta? Como devem agir os cristãos?

O último estudo dessa série sobre a história bíblica da redenção apresenta um pouco do ensino sobre a esperança cristã, principalmente em tempos difíceis. Nos livros de teologia sistemática, tal ensino aparece no capítulo conhecido como "escatologia", que significa o estudo das últimas coisas. 

Há muita confusão por aí em matéria de escatologia. Preste atenção nos dois pontos a seguir, para que você não tenha uma compreensão errada da esperança cristã:

a) Não pense que a doutrina da nova terra é a mesma coisa que as Testemunhas de Jeová anunciam. Eles pregam que o "céu" será apenas para 144 mil salvos, sendo que o "resto" ficará na terra. Porém, não é isso que a Bíblia ensina. A esperança cristã é que o céu e terra serão uma só realidade (Apocalipse 21:1-3);

b) Não pense que a esperança da nova terra tem a ver com o "milênio" (período de 1.000 anos literais). Os textos bíblicos que falam dos novos céus e a nova terra, também falam de uma esperança para toda a eternidade e não apenas de mil anos, como defendem alguns.

Novos céus e nova terra assinalam o clímax, o desfecho da história da redenção. Vamos ver algumas lições que podemos aprender com este assunto:

1. A esperança escatológica no Antigo Testamento
Há quem pense que somente o Novo Testamento fala a respeito das últimas coisas. É um engano pensar assim, pois o Antigo Testamento fala muito a respeito. De fato, o Novo Testamento dá grande ênfase ao tema das últimas coisas, mas, na verdade, o Novo Testamento baseia-se no Antigo para transmitir seus ensinamentos.

O prof. Anthony Hoekema, teólogo reformado, lembra que, na verdade, a Bíblia inteira em uma estrutura escatológica: o Antigo Testamento aponta para o Novo Testamento, que por sua vez, aponta para a esperança de "novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça" (2 Pedro 3:13).

O biblista Donald Gowan escreveu um livro sobre escatologia no Antigo Testamento. Conforme o prof. Gowan, o Antigo Testamento manifesta esperança de, entre outros pontos, paz na terra (Isaías 2:2-4); conversão das nações (Jeremias 3:17); arrependimento, conversão e perdão (Isaías 33:24; 59:20; Zacarias 13:1); saúde e paz (Jeremias 33:6); uma transformação da natureza, manifesta em fertilidade abundante (Joel 2:22; 3:18); uma nova ordem na natureza (Isaías 11:6-9; 65:1-10); enfim, uma nova terra (Isaías 35:1-10).

A esperança de uma nova terra, tão importante na mensagem do Antigo Testamento, deve impulsionar os cristãos para uma prática integral da missão da igreja.

2. O Reino de Deus no Novo Testamento
Assim como no Antigo Testamento, a esperança de novo céu e nova terra é tema por demais importante no Novo Testamento. É importante lembrar que o Novo Testamento apresenta essa esperança no contexto do tema do Reino de Deus. O tema do Reino aparece no Antigo Testamento, porém, é no Novo Testamento que é tratado com muito mais ênfase. O reino de Deus é o domínio completo do Senhor sobre todo o Universo e sobre todas as áreas da vida humana. Trata-se de um novo governo, com uma cultura diferente, costumes diferentes, relacionamentos totalmente diversos do que vivemos neste mundo. O Apocalipse diz claramente que não haverá lembrança das coisas passadas (Apocalipse 21:4; Isaías 65:17).

Para entender o ensino e a missão de Jesus, é preciso considerar o tema do Reino de Deus. Jesus é apresentado como aquele que traz o Reino de Deus ao mundo (Lucas 11:20). Quando Jesus cura, expulsa demônios, multiplica pães e peixes, traz mortos de volta à vida, perdoa pecadores, ensina a verdade, está manifestando sinais do Reino de Deus no mundo. Com isso, aprendemos que o domínio de Deus tem, como características, a justiça e a paz. Em outras palavras, "vida em abundância" (João 10:10). Jesus não morreu e ressuscitou para apenas perdoar nossos pecados e pronto. Antes fez isto para que pudéssemos ser inseridos no Seu Reino, no Seu povo e nação. Fomos salvos para pertencer a Ele e servir a Ele, para que o Reino de Deus fosse manifestado em nós e por meio de nós. O Reino de Deus é manifesto neste mundo quando deixamos o Espírito Santo nos usar e então passamos a viver as verdades da Palavra. Ao viver o evangelho, vamos influenciando as outras pessoas ao nosso redor a se renderem Àquele que nos ama, trazendo mais súditos para o Seu Reino e esvaziando o reino das trevas. Vivendo o evangelho, trazemos uma nova cultura, a cultura de santidade, que é totalmente diferente da que o mundo vive e prega.

Ao mesmo tempo, o Reino de Deus ainda não está totalmente presente. Por isso, Jesus nos ensina a orar, dizendo: "venha o teu reino" (Mateus 6:10). O Reino de Deus já está presente, mas não ainda na sua plenitude. Em outras palavras: o reino de Deus já veio; porém, por enquanto, apenas em parte. A igreja espera o dia em que o Reino venha completamente. Aí, o mal será totalmente eliminado da face da Terra (Apocalipse 21:8; 22:3,15).

O Novo Céu e a Nova Terra que os cristãos esperam é a concretização absoluta do Reino de Deus. É essa esperança que nos inspira e nos move a olhar para frente, como escreve Paulo: "Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. (...) Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos no nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos." (Romanos 8:18-25).

3. Implicações da esperança de Novos Céus e Nova Terra
Pode ser que, para algumas pessoas, a escatologia seja assunto apenas teórico, que sirva para debates e discussões. Entretanto, não deve ser assim. Mais do que apenas doutrina, a escatologia é esperança. Essa esperança tem várias implicações para os que dela se alimentam. Dentre tantas, expomos aqui três:


  • Esforço evangelizador: uma das cenas mais lindas do Apocalipse é a visão que João teve do triunfo da obra evangelizadora, que é assim descrita: "Depois destas coisas vi, e eis grande multidão, que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz dizendo: ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro pertence a salvação." (Apocalipse 7:9,10). Essa esperança escatológica é forte o bastante para incentivar o povo de Deus à obra evangelizadora, tarefa que requer diligência, um esforço extra, devido à sua urgência. De fato, somente após o evangelho ter alcançado os quatro cantos da terra, todas as nações, é que chegará o fim (Mateus 24:14). O evangelismo é o único ministério que não será necessário nos novos céus e nova terra, já que todos serão salvos. Diante disto, devemos nos empenhar nesta sublime tarefa de alcançar os perdidos para Jesus;
  • Envolvimento com questões ecológicas: se cremos que a natureza espera com ansiedade o dia em que será alcançada pelos efeitos da redenção conquistada por Jesus na cruz (Romanos 8:22), devemos, desde já, ter um envolvimento sério e consciente nas lutas pelo meio ambiente. Tal luta não pode ser entregue aos não cristãos, como se não fosse assunto digno da atenção dos filhos de Deus em missão no mundo. No cumprimento de sua missão, a igreja não pode negligenciar essa causa que é tão vital;
  • Empenho pela justiça: o já citado texto de 2 Pedro 3:13 diz que a nova terra tem, como uma de suas principais características, a justiça: "Nós, porém, segundo a promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça". Portanto, a luta pela justiça em todas as áreas da sociedade deve ser parte integrante da missão da igreja. Quando os filhos de Deus se omitem nessa luta, acabam se conformando ao padrão do presente século, o que, sem dúvida, é negativo e arriscado.
O pensador cristão C. S. Lewis disse que os cristãos que mais fizeram por este mundo foram os que esperavam o mundo do porvir. Que o mesmo aconteça conosco. Amém!


Para pensar:


  • Você tem esperado a volta de Jesus simplesmente porque foi derrotado neste mundo e se apóia na esperança dos novos céus e nova terra como um meio de escapar-se dos seus problemas e dificuldades? Ou deseja a volta do Seu Senhor simplesmente porque você ama a Jesus e quer realmente viver com Ele por toda a eternidade?