terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

De Volta para Casa

O fim do Exílio Babilônico

Esdras 1

Segunda: 2 Crônicas 36;
Terça: Esdras 2;
Quarta: Esdras 6;
Quinta: Esdras 8;
Sexta: Neemias 1 e 2;
Sábado: Neemias 12:27-47;
Domingo: Salmo 126.


Após o longo período do exílio babilônico, Deus resgatou o seu povo e o trouxe de volta a Jerusalém, a Terra Prometida, onde deveriam celebrar com alegria ao Senhor.

Houve dois exílios na história do povo eleito. Em 722 a.C. foi deportada para a Assíria a população do Reino do Norte (2 Reis 17). Em 587 a.C. foi deportada para a Babilônia boa parte da população do Reino do Sul, quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém (2 Reis 25).

A deportação, embora não resultasse em prisão, causava grandes sofrimentos. Os exilados eram arrancados de sua terra natal e de suas propriedades; e tinham dificuldades para cultuar ao Senhor, conforme relata a profecia de Daniel. A situação dos exilados os colocava entre o escravo e o cidadão, ou seja, podiam adquirir propriedades, exercer profissões, mas sem ter os direitos dos cidadãos livres.

O exílio babilônico durou de 597 a 538 a.C. para os da primeira deportação; e de 586 a 538 a.C. para os da segunda e grande deportação. Portanto, em números redondos, respectivamente, sessenta e cinquenta anos.

Durante o exílio na Babilônia, o povo foi confortado pelos profetas Ezequiel e Isaías (especialmente os capítulos 40 a 66). Semelhantemente, o profeta Jeremias ocupou um papel importante na vida do povo, pois, não só anunciou o exílio, mas ofereceu ajuda espiritual ao povo nesta época. Esses profetas reavivaram as esperanças do retorno à pátria, o que aconteceu em 538 a.C., com o edito de Ciro, o rei dos persas, que conquistou a Babilônia (Esdras 1:1-4). O final do II livro de Crônicas e os livros de Esdras e Neemias oferecem os relatos históricos a respeito do retorno dos exilados; as profecias de Ageu e Zacarias também aludem ao período da reconstrução da vida nacional.

Zorobabel, Esdras e Neemias foram homens-chave usados por Deus para reorganizar a vida do povo.

Do ponto de vista religioso, o exílio é considerado punição pela idolatria e infidelidade do povo para com Deus. Foi também um tempo de purificação e expiação. Mas foi, sobretudo, um tempo de renovação da esperança, tornando-se um símbolo da conversão, ou da volta a Deus. Infelizmente muitas pessoas somente dão valor para as coisas e para os outros quando os perde.

Assemelhamo-nos ao povo daquele tempo, que se caracterizava pela sua inconstância: num momento, o coração estava voltado para Deus; noutro momento, inclinava-se aos ídolos e ao pecado. As pessoas que são inconstantes, conforme a Palavra, nada vão obter do Senhor (Tiago 1:6-8). Precisamos ser firmes, com o coração totalmente voltado para Ele, perseverando neste propósito, afinal de contas é impossível servir a dois senhores (Mateus 6:24).

Quando confiamos mais em nós mesmos e nos distanciamos do Senhor, pagamos o preço da nossa infidelidade, sujeitando-nos ao fracasso e à derrota. O mais importante é saber que, independentemente de nossa infidelidade, Deus nos desafia, chama-nos, busca-nos. Ele é o Deus fiel que, em seu grande amor, deseja manter-nos próximos dEle (Isaías 30:15; Mateus 23:37).

1. A infidelidade tem um alto preço

Para as gerações posteriores, o cativeiro egípcio era uma lembrança inesquecível, com muitas lições fortes para o povo. No entanto, Israel passou a confiar mais em si, esquecendo-se dos preciosos ensinamentos deixados pelos seus ancestrais e distanciando-se dos caminhos do Senhor. Profetas alertaram o povo quanto aos riscos de infidelidade, mas não foram ouvidos. A consequência foi inevitável e catastrófica: o exílio babilônico (2 Reis 24 e 25; 2 Crônicas 36).

Em um primeiro momento, a nobreza foi levada cativa; os pobres permanecem na terra para trabalhar e pagar os impostos. Posteriormente, o saque foi completo. O templo e o palácio, as casas e as mansões foram incendiados.

Os livros de Daniel e Ester relatam os difíceis momentos vividos pelos povo de Deus nos tempos do exílio. Possivelmente, a cultura babilônica tenha influenciado profundamente o povo de Deus. Isso talvez explique as posturas radicais adotadas por Esdras e Neemias na reconstrução da cidade e reorganização da sociedade de Israel.

A infidelidade a Deus traz sérias consequências. Em 2 Pedro 2, o apóstolo admite que afastar-se do Senhor após conhecê-lo é pior do que nunca o haver conhecido: “o último estado é pior do que o primeiro” (1 Pedro 2:20,22). A partir de então vem as pesadas e sérias advertências da Palavra de Deus (Hebreus 6:4-8; Hebreus 10:30,31). Este exílio na Babilônia nos traz uma lição muito preciosa. Muitos desprezam abertamente a graça de Deus, praticando o pecado conscientemente, achando que depois se arrependendo Deus vai perdoar. Mas não é bem assim que as coisas funcionam. Deus não se deixa enganar. Sem arrependimento sincero e genuíno, não há perdão. Deus conhece nossos corações e não se deixa levar por “conversa barata” de arrependimento insincero. Por outro lado existem aqueles que vivem no pecado e dizem que vão retornar ao Senhor, que se sentem muito mal por levar esta vida, mas que um dia virão a se arrepender e servir ao Senhor. Pensam que sempre haverá uma oportunidade de salvação. Porém a Palavra nos ensina que HOJE é o dia que o Senhor nos deu para voltarmos para Ele (Hebreus 3:7,13,15; 4:7). A oportunidade que bate à nossa porta (Apocalipse 3:20) pode ser a última. Pode ser que alguns que desprezam a graça divina venham a se encontrar com a porta da salvação fechada, por ter se voltado muito tarde (compare com Mateus 25:10-12). Os israelitas tiveram várias e várias oportunidades de arrependimento, quando os profetas do Senhor exortavam o povo a se voltar para Deus. Entretanto  desprezaram o amor e a paciência divina, afastando a doce presença do Espírito, experimentando desta forma a ira e juízo divinos. Que o povo do Senhor pare de brincar com o pecado e leve a sério o Reino de Deus, vivendo de modo digno e reto perante o Senhor!

2. Deus deseja manter-nos próximos dEle

O povo de Deus distanciou-se do Senhor e tornou-se presa fácil dos adversários. Porém, em seu amor e fidelidade, Deus honrou o seu compromisso de estabelecer um povo exclusivamente seu, que desfrutasse de sua íntima comunhão.

São muitas as referências bíblicas para ensinar essa preciosa lição. No começo Deus buscou o seu povo no cativeiro egípcio e o conduziu para a terra prometida. Novamente o povo se distanciou dos caminhos do Senhor e experimentou o exílio babilônico. Deus levantou a Ciro, rei da Pérsia, para conduzir o seu povo de volta para casa (veja as profecias de Isaías 44:24-28; 45:1-13; 48:14). Num belo texto que nos lembra o amor materno, a profecia de Oséias 11 mostra que, apesar da ingratidão de Israel, Deus o ama profundamente (Oséias 11:1-4).

Para mostrar a grandiosidade do amor do Pai, Jesus proferiu as parábolas dos perdidos (Lucas 15). Graças ao Senhor que Ele não nos trata conforme os nossos merecimentos (Lamentações 3:22,23; 2 Timóteo 2:13).

Deus escolheu para si um povo e jurou (por si mesmo) fidelidade incondicional aos seus filhos. Conhecendo nossas limitações e necessidades, Deus sempre busca nos convencer da necessidade dEle! Até mesmo quando passamos por momentos conturbados, fruto de nosso pecado e infidelidade, Ele nos atrai e nos conduz ao caminho de volta. Ele sempre apela ao nosso coração: “Volta, ó Israel!” (Oséias 14; 1 João 1:5-2:2).

3. Deus instrumentaliza os recursos que deseja

Deus tem todo o poder nos céus e na terra. Ele é Todo-Poderoso, absoluto e soberano. Porém, Ele conta com os seus escolhidos para a realização de seus propósitos. Assim, Ele chamou servos seus como os profetas já mencionados, e bons administradores como Zorobabel, Esdras e Neemias para orientar o retorno de seu povo à Terra Prometida e reconstruir a nação. O que mais nos surpreende é verificar que, até mesmo personagens como o estrangeiro Ciro, são instrumentos do Senhor para executar os seus planos (Isaías 44:28; 45:1).

Segundo o comentarista J. Steinmann, Ciro libertou os exilados por entender ser ordenança  de seu deus; também porque compreendia o valor político de suas ações; e, finalmente, porque pretendia propagar a sua religião. Mas, segundo o livro de Esdras (Esdras 1:1), é Deus quem desperta o coração do rei e se dispõe a usá-lo para reerguer a nação escolhida, tal qual aconteceria também com os reis Dario e Artaxerxes (Esdras 6:1-14).

O que se pode constatar é que Deus tem planos e que haverá de cumpri-los sempre: não por nossa causa, mas apesar de nós. Mesmo que não nos coloquemos à disposição dEle, Ele irá usar outro. Em segundo lugar, podemos perceber também que Ele nos ama e nos oferece novas oportunidades que nos ensinam a crescer. Diz a Bíblia que Deus escolheu Israel não por seus merecimentos, mas por amor e por causa do seu juramente (Deuteronômio 7:7-11).

Deus nos surpreende, pois escolhe diferentes pessoas para cumprir os seus propósitos. Lembra-se da mula de Balaão? (Números 22:21-33). Quantos de nós já fomos atendidos ou beneficiados por pessoas consideradas estranhas ao nosso convívio! E quantas pessoas foram usadas por Deus, mesmo sem saber! A obra é do Senhor. E Ele, em sua soberania, utiliza diferentes pessoas e recursos para que a obra se cumpra. Ele conduziu o seu povo de volta para casa através das mãos do rei Ciro. Ele usa a quem bem lhe aprouver. É sempre um privilégio ser usado por Deus: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2:13).


Vamos nos colocar à disposição dEle, como vasos dóceis e úteis, como vasos de bênçãos!

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