Segunda: Isaías 56:1-8;
Terça: Mateus 12:1-14;
Quarta: Marcos 2:23-28;
Quinta: João 20:26-29;
Sexta: Atos 20:7-12;
Sábado: 1 Coríntios 16:1-4;
Domingo: Colossenses 2:16-19.
A palavra sábado não significa,
necessariamente, o último dia da semana. Sabe-se que o sétimo dia da semana
recebeu este nome porque a palavra sábado, de acordo com o sentido original
(hebraico - shabath), significa descansar, folgar, respirar, tomar fôlego,
parar, terminar. Originalmente em Gênesis 2:2, não significa que Deus ficou
cansado e por isso descansou neste dia, pois Ele é o Deus que não dorme (Salmo
121:4), nem se cansa (Isaías 40:28). Para Deus, o shabath tem o significado de
que Ele terminou a obra da criação, por isso santificou este dia e o deu como dia de descanso à criação, como uma benção para ela. Além
disso, o sábado judeu não significava apenas um dia, mas podia representar um
ano inteiro (Levítico 25:1-7) ou até mesmo períodos de festas (Levítico
23:37,38).
O povo que vivia na
“casa da servidão”, no Egito, não sabia o que era descanso, pois o Faraó não
lhe permitia nenhuma folga. Era preciso trabalhar e produzir para o Egito (Ex.
5:7-9). Na condição de escravos do Egito, os hebreus não podiam parar para
festejar ou fazer qualquer outra comemoração (Ex. 5:1-5). Os trabalhos eram
forçados e o Faraó não os via como pessoas, mas como máquinas que não podiam
deixar de realizar o seu trabalho (Ex. 5:14-17).
Assim, a libertação de
Deus traz ao povo a possibilidade do descanso e do alívio. Era um descanso para
toda a família, incluindo os escravos e os estrangeiros, e também os animais.
O sábado tem a sua
origem na criação em Gênesis, quando o Senhor Deus terminou a obra da criação (Gênesis 2:2,3). Ali o Senhor estabeleceu um tríplice ato: descansou, abençoou e
santificou. Ao descansar o Senhor deu exemplo para suas criaturas, sobre o que
elas deveriam praticar. Ao abençoar, Deus estabeleceu o descanso como um canal
de bênçãos para suas criaturas. E, por fim, ao santificar, o Senhor mostra que
precisamos separar um tempo para adora-lo. Mais adiante, o sábado é lembrado
como um dia de comemoração da redenção da escravidão do
antigo Egito. E, finalmente, fala de um repouso para os servos do Senhor Jesus
na era da graça (Hebreus 4:1-11).
Interessante é que o mandamento está com uma ordenança para não nos esquecermos ("Lembra-te"). Cientificamente falando, ninguém se esquece de nada. Tudo fica registrado para sempre em nossa mente. Mas na prática nos esquecemos de datas, tarefas e outras coisas, quando nos esquecemos até mesmo de Deus! Mas o esquecimento acontece porque a nossa mente está voltada para outros assuntos. É o caso da guarda do dia do Senhor. Deus disse que o homem precisa santificar um dia da semana. Deixar de fazê-lo resulta em sofrimento para ele. Deus concedeu esse descanso ao homem, em primeiro lugar, como recompensa pelo seu trabalho. Quem trabalha merece descansar, quando ignoramos esta dádiva, lesionamos nós mesmos.
Em seu livro East River, Sholem Asch cita as palavras de um velho judeu, Moshe Wolf, com referência ao dia do Senhor. Ele disse: "O homem que trabalha não pelo pão de cada dia, mas para acumular riquezas, é um escravo. Foi por isso que Deus estabeleceu o dia do descanso. O que ocasionou verdadeiramente a libertação dos judeus do cativeiro do Egito, foi justamente o fato de reverenciarem o dia do descanso dedicado a Deus. Foi por meio desta prática que eles proclamaram sua condição de homens livres."
Em segundo lugar, Deus nos proporciona um dia de descanso porque todos precisamos refazer as nossas energias. Assim como uma pilha elétrica se descarrega e precisa ser carregada, assim também nós nos desgastamos fisicamente. Gerald Kennedy conta a história de dois grupos de pioneiros americanos que partiram para o leste, atravessando as planícies centrais dos Estados Unidos, e se dirigiram para a Califórnia. Um deles era guiado por um homem temente a Deus; o outro, por um incrédulo. O primeiro parava todos os domingos para descansar e cultuar ao Senhor. O outro, ansioso demais para chegar ao ouro da Califórnia, não perdia tempo com paradas. Viajava sem parar, todos os dias. Entretanto, sucedeu um fato notável: o grupo que observava o dia do descanso chegou ao seu destino antes do outro! Uma pessoa fisicamente exausta é totalmente improdutiva. Do mesmo modo precisamos recondicionar a alma.
A Bíblia não menciona
nominalmente os outros dias da semana, ou seja, não dá nome especial para eles,
como existe nas outras culturas. Isto confirma que o mais importante não é o
dia em si, mas o que ele representa ou significa para nós.
Com a ressurreição de
Cristo, o sábado do Antigo Testamento ou o sábado dos judeus, passou a ser,
para os cristãos, o domingo (do latim “deis dominicus”, ou “dia do Senhor”), que é o Dia do Senhor, o primeiro dia da semana
(João 20:19; Atos 20:7; 1 Coríntios 16:2).
Os cristãos guardam o
domingo e não o sábado por estas principais razões:
· O sábado faz
parte da aliança exclusiva entre Deus e o antigo Israel (Êxodo 20:8-11);
· Jesus não
guardou o sábado como mandava a tradição oral dos fariseus (João 9:16);
· Estamos debaixo da graça e não da lei (Colossenses 2:16,17);
· No domingo Cristo ressuscitou, apareceu aos discípulos e autorizou a
Grande Comissão (Mateus 28:1-6,19,20; João 20:19,26);
· O Espírito Santo desceu sobre a Igreja no domingo, pois o Pentecoste é
comemorado cinquenta dias após o sábado da Páscoa (Atos 2:1);
· A Igreja do Novo Testamento guardava o domingo (Atos 20:7; 1 Coríntios
16:1,2);
· Dos dez mandamentos, apenas o quarto não é repetido no Novo Testamento;
· O domingo já estava em oculto no próprio Antigo Testamento, falando da
obra do Senhor, sendo as primícias da ressurreição (Levítico 23:11).
Mas em tudo isto devemos lembrar que o
foco não deve estar no dia, mas sim no Senhor que estabeleceu o dia. Ao
focarmos num dia, podemos correr o risco de sermos legalistas, oprimindo as
pessoas tal como faziam os fariseus e demais religiosos da época de Jesus.
Paulo nos chama a atenção para que ninguém nos julgue por causa de sábados,
festas ou luas novas (Colossenses 2:16,17). Fomos chamados à liberdade, e não
para a escravidão (Gálatas 5:1). Ao querer guardar a lei, como forma de
alcançar um favor de Deus, estamos nos separando de Cristo! (Gálatas 5:2,4).
Ninguém será justificado perante Deus por meio da lei (Gálatas 3:11).
Somos salvos pela graça, vivemos pela graça e somos aceitos perante Deus pela
graça, através da fé!
Portanto, vamos ver
algumas lições quanto ao Dia do Descanso ou Dia do Senhor:
1. O Dia do Descanso para a glória de Deus
A parte final do
quarto mandamento apresenta um dos motivos pela qual o dia do descanso foi
estabelecido: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus, a
terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o
Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou”. Fica, portanto, claro que, observar o dia de descanso, é agir como
Deus agiu. O dia de sábado é apresentado como um tributo à glória de Deus. É
para lembrar o que Deus fez como Criador e Libertador de Seu povo.
Em Êxodo 5:15 a guarda do
sábado é apresentada para lembrar o Deus que liberta do poder da escravidão,
tornando-se assim um memorial para todo o povo.
O domingo, Dia do
Senhor, da ressurreição, deve representar o que Deus fez por nós e a libertação
que Ele trouxe por meio de Seu Filho Jesus Cristo. Não são apenas os cultos ou
outras reuniões dominicais que irão nos lembrar este feito; mas a vida e o
testemunho dos cristãos que durante os outros dias da semana estiveram
cuidando de suas múltiplas atividades,
precisam revelar que há um dia especial na semana, no qual nos alegramos em
Deus pelos feitos dEle em nossa vida.
A visão de que o dia do
descanso foi estabelecido para honra e glória de Deus, há de fazer com que a
nossa atenção esteja mais focalizada não no dia em si, mas no Deus que
estabeleceu o dia. É a visão da glória do poder do Senhor (1 Coríntios 10:31).
2. O dia do descanso para o bem-estar do homem
Quando a Bíblia afirma
que Deus descansou no sétimo dia, não está dizendo que Ele se cansa ou precisa
descansar, como já vimos. A afirmação deve ser entendida como cessar da obra
criadora de Deus. Mas, o homem se cansa, sente o peso do trabalho, sendo que
isto começou a partir da queda (Gênesis 3:19). Por isso ele precisa parar,
folgar, tirar férias, descansar. No Egito, os hebreus não tinham descanso, mas
como libertos por Deus eles recebem este presente do quarto mandamento, para
que possam revigorar-se e estar mais preparados para a jornada de seis dias de trabalho. O Deus que determinou o trabalho é o mesmo que
apresenta a possibilidade de descanso.
No Novo Testamento percebe-se que os
escribas e fariseus fizeram tantos acréscimos à lei do sábado que o povo se
sentiu “oprimido” e “sobrecarregado”. Jesus foi acusado por eles de
violar o sábado (João 9:16). De fato, Jesus não se deixou escravizar pelo
sábado e afirmou: “O sábado foi estabelecido por causa do
homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27).
Nas palavras de Carlos
Mesters “Jesus denuncia o desvio da lei e coloca o sábado novamente a serviço
da vida do ser humano. As necessidades do povo estão acima da lei do sábado
(Mateus 12:1-8; Lucas 13:16,17).” O mesmo acontece com o domingo. A maneira
como alguns guardam o domingo nos faz pensar que ele foi estabelecido para a
morte e não para a vida, pois se afadigam e sobrecarregam-se com excesso de
atividades religiosas. Não devemos nos esquecer que o fardo do Senhor é leve
(Mateus 11:28-30). E que são as obras mortas que trazem peso,
ou seja, as atividades que fazemos pensando que são para Deus, mas Ele nunca
nos chamou para fazê-las.
Por outro lado, muitos
são aqueles que, no domingo, não fazem mais nada, além de participar de um ou
outro trabalho da igreja. Será que o mandamento do descanso é para não se fazer
nada? Há aqueles que neste dia não fazem nada de útil para si, sua família e
seu próximo. Uma boa parte dos cristãos passa o domingo inteiro assistindo
televisão, por sinal, programas de péssimo nível. Desta maneira acham que estão
de acordo com o princípio do dia do descanso. E ainda existem aqueles que
conseguem agir pior. São carnais e pecaminosos a
semana inteira e, no domingo, mudam totalmente o comportamento, como se fossem
outras pessoas, agindo por pura hipocrisia e farisaísmo. Não é o dia que nos
torna santos, mas o Senhor que pelo Seu Espírito nos santifica, para vivermos
santos neste dia e em todos os dias, pois, afinal de contas, todos os tempos
são do Senhor. Ele é o Autor dos dias! (Salmo 118:24).
Existe muito formalismo
e legalismo em torno do domingo. São regras quanto ao que se pode fazer e o que
não se pode fazer. O fato de ser Dia do Senhor não significa que todos precisam
passar o dia inteiro trabalhando na igreja ou, então, trancados dentro de casa.
É preciso ter uma visão mais libertadora do domingo, entendendo o que o
apóstolo Paulo disse: “Um faz diferença entre dia e dia; outro
julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria
mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz “ (Romanos 14:5,6). “Ninguém, pois, vos julgue por causa de
comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábado” (Colossenses 2:16).
Às vezes perdemos tanto tempo discutindo a respeito das coisas que não podemos fazer no dia do descanso, que nos esquecemos das que devemos fazer. Deus nos concedeu este dia para que tenhamos oportunidade de desfrutar algumas das melhores e mais importantes realidades da vida, e não para que nos fosse um dia de proibições.
Nós somos apressados demais, e corremos mais do que podemos. A Bíblia nos diz: "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus" (Salmo 46:10). A verdadeira beleza não é agressiva, é tranquila. Nossos melhores disposições não são barulhentas. Os apelos da Divindade ao homem são sempre em uma voz mansa e suave. O retrato que o Novo Testamento nos dá de Cristo é: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo" (Apocalipse 3:20). Deus não é importuno. Não invade a vida de ninguém sem ser convidado. Ele é reservado e cortês. Nós precisamos de um dia ao menos para ouvir uma voz como a dEle; um dia em que concedamos audiência ao Altíssimo.
3. O dia de descanso e o verdadeiro descanso
Para o cristão, o mais
importante é saber que ele descansa numa Pessoa e não num dia. O descanso está
em Cristo; Ele é o nosso sábado ou domingo. Sem esta compreensão torna-se
difícil viver de modo correto o Dia do Senhor. Esta maneira de ver o domingo liberta
do legalismo e do formalismo que muitas vezes estão presentes em nossas igrejas
em relação a este dia, à semelhança do legalismo dos escribas e fariseus quanto
ao sábado.
Quando Jesus declarou: “Vinde a mim os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim porque eu sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo
é suave e o meu fardo é leve” (Mateus
11:28-30), Ele estava se referindo ao peso das tradições orais e acréscimos à
lei, impostos pelos judeus. É na pessoa de Jesus que se tem o verdadeiro
descanso.
Por ser o Dia do
Senhor, o domingo só pode ser bem compreendido e bem vivido por aqueles que
verdadeiramente estão no Senhor e na Sua pessoa descansam.
Assim, pode-se dizer que o cristão guarda
o domingo para o louvor da glória de Deus, para o seu próprio bem-estar,
entendendo que este dia é uma lembrança do descanso que Cristo veio trazer aos
que são salvos por Ele.
Considerações finais
O que de mais grave tem se visto no tratamento que algumas religiões pseudo-cristãs tem feito com relação ao sábado é um movimento legalista que apóia a seguinte ideologia: que se deve fazer algo para que se tenha a aprovação de Deus. Além disto, tem aqueles que procuram ser cumpridores da lei com medo de que Deus venha puni-los, ou até mesmo perder a salvação por não guardá-la como, por exemplo, aqueles que pensam que se não guardarem o sábado irão para o inferno.
Entretanto deve-se entender que, primeiramente, Jesus levou sobre si todos os
nossos pecados (Isaías 53:4,5) e que Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo (João 1:29). Deste modo, nenhum homem será condenado por causa dos pecados, mas sim se tão somente
negar a Jesus, não o recebendo como seu Salvador (João 3:36). Outra questão
importante a salientar aqui é que não se pode fazer com que Deus nos ame mais
ou nos ame menos pelo aquilo que viemos a fazer, pois seu amor por nós é
constante. O que fazemos, é por graça, sendo esta a atitude espontânea do filho de Deus, pois esta é a sua natureza. Os filhos de Deus agem assim pois o amor de Deus os invade a tal ponto que agem como Ele age: por amor!. As boas
obras, a obediência aos mandamentos de Deus, vem como atitudes de amor,
simplesmente se faz porque ama e não porque se quer algo em troca.
Outro ponto
importante a ser esclarecido é que por mais que nos esforcemos a
agradar a Deus, não conseguiremos (Romanos 7:18; Filipenses 2:13). Devemos antes confiar
na direção do Espírito e viver na dependência de Deus. A vitória da vida cristã
está no fato de que devemos cada vez mais nos esvaziar de nós mesmos para que
possamos ser cheios dEle. Deixar Ele viver em nós! No livro de Gálatas conta a história de crentes que começaram a crer e agir por fé, porém continuaram sua vida com Deus confiando na carne, se apoiando na lei. Paulo chama bastante a atenção e demonstra pelas
Escrituras que devemos começar pela fé, continuar
pela fé e terminar pela fé!
Não devemos nos esquecer que o dia do descanso é um benefício dado ao homem e não um peso sobre ele (Marcos 2:27). Jesus é o Senhor do sábado (Marcos 2:28). Isto significa que sendo Senhor, descansa como o proprietário, para que os seus servos desfrutem (Êxodo 23). O descanso do Senhor é o seu sepultamento, Ele morre para que outros tenham vida. O Senhor do sábado descansa para que outros tenham alento. Ele cumpriu o sábado tanto na vida quanto na morte, tornando-se o Senhor do descanso (Mateus 11:28,29). O sábado foi feito para aqueles que que não gozavam o descanso (Êxodo 23:10-12). Somente Jesus pode oferecer o novo descanso (Hebreus 4:9). O bem do sábado era a liberdade e o descanso, pois escravos não descansam, nem liberdade possuem. O sábado foi dado para fazer o bem e não o mal (Lucas 6:9). Desta forma não é para oprimir ninguém. Por fim, os judeus tinham apenas o sábado para separar para o culto a Deus no templo. Hoje nós somos o templo do Espírito (1 Coríntios 6:19) e cultuamos a Deus a todo o momento. Nossa vida é adoração e somos dEle por completo, não apenas em parte!
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