domingo, 10 de fevereiro de 2013

Da Glória à Ruína

O período dos reis e dos profetas e o cativeiro babilônico

Jeremias 25:1-14

Segunda: 1 Samuel 10:17-27;
Terça: 2 Samuel 2:1-7;
Quarta: 1 Reis 1:11-40;
Quinta: 1 Reis 12:1-20;
Sexta: 2 Reis 17;
Sábado: 2 Reis 24:1-25:30;
Domingo: Salmo 137.


O período histórico do povo de Israel a ser estudado hoje pode ser comparado a um dia ensolarado. Termina a madrugada com o raiar do sol, atinge o máximo de luz ao meio-dia, à tarde vai declinando ao pôr-do-sol, sendo envolvido pelas sombras e o silêncio da noite.

Em Israel, os erros do primeiro reinado foram superados pela força e a grandeza do segundo e pelo esplendor do terceiro. Mas, com o passar do tempo, vieram crises, declínio e um fim sombrio.

O período estudado aqui compreende o início da monarquia - marcado pela escolha de Saul como o primeiro rei - até o exílio na Babilônia. O período se inicia por volta de 1030 a.C. (data aproximada em que Saul começou a reinar), indo até 444 a.C. (data em que Artaxerxes concedeu autorização a Esdras e Neemias para que retornassem a Jerusalém a fim de reconstruírem as muralhas da cidade e organizar a vida do povo). São, portanto, quase 600 anos de história.

Depois de aproximadamente 100 anos do início da monarquia, ocorreu a divisão do reino; O Reino do Sul (Judá), tendo por capital Jerusalém, foi governado no começo por Roboão. O Reino do Norte (Israel), tendo por capital Samaria, teve como primeiro rei, Jeroboão. Cerca de 210 anos depois da divisão, em 722a.C., chegou o fim do Reino do Norte, conquistado e subjugado pelos assírios. Transcorridos mais 135 anos, chegou o fim do Reino do Sul, quando em 586 a.C. Nabucodonosor destruiu Jerusalém, levando o povo para a Babilônia.

Em 539 a.C. uma leva de judeus liderados por Zorobabel retornou a Jerusalém e reconstruiu o templo. Mais tarde, em 444 a.C., outro grupo, liderado por Esdras e Neemias, também retornou a Jerusalém. Sob a liderança destes dois, foram reconstruídas as muralhas da cidade e reorganizada a vida do povo. Muitos judeus, porém, permaneceram no exílio, nunca mais retornando à terra natal.

Antes da divisão do reino, reinaram Saul, Davi e Salomão. Os principais profetas dessa época foram: Samuel, Natã, Gade, Aías e Ido. Após a divisão, reinaram em Judá 20 reis; em Israel, 19. Nesse período, os principais profetas foram: Semaías, Ido e Aías (já mencionados), Azarias, Hanani, Jeú, Elias, Micaías, Jaaziel, Eliézer, Eliseu, Obadias, Joel, Zacarias (filho de Joiada), Jonas, Amós, Oséias, Miquéias, Odede, Naum, Jeremias, Sofonias, Hulda, Habacuque, Daniel, Urias e Ezequiel. No cativeiro, os profetas foram: Habacuque, Daniel, Jeremias e Ezequiel (já mencionados), Ageu, Zacarias e Malaquias.

Os objetivos do presente estudo são: a) mostrar a importância de se ter governantes íntegros, competentes e tementes a Deus; b) mostrar o valor e a necessidade da voz profética na sociedade; c) despertar o povo para crer na intervenção de Deus e agir na busca de transformação.

1. “Fez o que era reto perante o Senhor” - As marcas do governo sensato

Os registros acerca dos reis de Israel e Judá sempre contêm as frases: “Fez o que era reto perante o Senhor” ou “fez o que era mau perante o Senhor”. Essas frases resumem o governo de cada rei. Aqueles que fizeram o “que era reto perante o Senhor” eram tementes a Deus, sensíveis aos anseios do povo, comprometidos com a justiça e humildes para reconhecer e confessar suas faltas, demonstrando dependência de Deus. Entre esses estão, por exemplo, Davi, Joás, Ezequias e Josias.

É difícil haver um governo justo, sensato e sensível às necessidades do povo quando o governante não teme a Deus, não observa os seus mandamentos e despreza os princípios apresentados na Bíblia (Salmo 111:10). O Senhor declara: “Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria, eu sou o entendimento, minha é a fortaleza. Por meu intermédio reinam os reis, e os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra.” (Provérbios 8:12-17). Aquele que despreza o Senhor, com certeza desprezará o seu próximo, feito à imagem e semelhança de Deus (compare com Lucas 18:2).

Por outro lado, a Bíblia nos ensina a orar pelos nossos governantes (1 Timóteo 2:1-4), para que tenhamos um vida tranquila e mansa, bem como para que conheçam a Jesus como Salvador. Também nos ensina que devemos nos submeter a toda autoridade (1 Pedro 2:13-15; Romanos 13:1-7), pois esta é a vontade de Deus. Quem se opõe à autoridade, está em rebeldia e este é um princípio satânico - devemos ter cuidado para não estar operando com base no princípio do inimigo.

2. “Assim diz o Senhor” - O compromisso do verdadeiro profeta

O profeta é elemento essencial na sociedade. Segundo a Bíblia, “não havendo profecia o povo se corrompe” (Provérbios 29:18). O profeta é instrumento de Deus para advertir as autoridades quando se desviam ou excedem (1 Samuel 13:13,14); 2 Samuel 12:1-15); para repreender e exortar o povo quando este se torna infiel (Oséias 4:1-6); para despertar e encorajar nos momentos de crise (Habacuque 3:17-19). Embora na mentalidade das pessoas o profeta fala a respeito das coisas futuras, sua função está muito além disso. O profeta não fala de si mesmo; fala, sim, da parte do Senhor: “Assim diz o Senhor” ou “Veio a mim a palavra do Senhor dizendo” (Isaías 56:1; Jeremias 2:1).

O profeta é o porta-voz de Deus. O verdadeiro profeta não está preocupado em agradar ao rei ou ao povo. O seu compromisso é com a verdade que o Senhor pôs em seus lábios. Naqueles dias, surgiam falsos profetas, os quais diziam somente o que o rei e o povo queriam ouvir (Jeremias 23; 28:15-17; 29:21-32).

A igreja não pode, de maneira alguma, agir como esses falsos profetas. Não pode ignorar ou descartar a dimensão profética da mensagem que anuncia. Não pode ser parcial, tornando-se cúmplice da injustiça, da corrupção e do mal. É importante observar, porém, que a situação do profeta nem sempre é confortável. Às vezes é incompreendido, perseguido e até eliminado (Amós 7:10-13; Jeremias 20:2; 26:20-24; 32:1-5; Mateus 14:1-12; Lucas 13:31-35).

É triste observar que muitas igrejas hoje neguem o ministério profético no seio da igreja, dizendo que este ministério ficou limitado ao Antigo Testamento. Usam o verso de Mateus 11:13, para fundamentar esta ideia. Porém isto não é verdade. Observando o texto de Efésios 4:11 diz que o ministério profético faz parte dos cinco ministérios deixados por Jesus. Também em Atos 21:10 fala acerca de um profeta, chamado Ágabo, e que atuava na igreja, após a morte de João Batista. Devemos valorizar este ministério, bem como os demais, para que a igreja cresça forte e saudável (Efésios 4:12,13).
Por outro lado devemos ter cuidado com os profetas e suas profecias. A Palavra nos ensina a provar os espíritos, e, consequentemente, as profecias (1 João 4:1). A verdadeira profecia deve ter algumas características: ela deve edificar (deve acrescentar à nossa fé), exortar (encorajar a obedecer ao Senhor e Sua Palavra) e consolar (1 Coríntios 14:3). Outra coisa: a profecia verdadeira, vindo da parte de Deus, se cumpre totalmente (Jeremias 28:9; Deuteronômio 18:21-22). Aquele que fala e não se cumpre, falou na sua carne, na sua soberba. Nossa fé não deve se apoiar em profecias, mas antes de mais nada na Palavra de Deus e as profecias devem estar alinhadas com a Palavra, senão facilmente pode-se desviar do Senhor.

3. “Até quando?” - A Palavra de esperança para o povo que não se conforma
Jeremias, o profeta que mais profetizou antes de ocorrer o  cativeiro babilônico, anteviu este cativeiro que estava para começar dizendo: “Porque eis que vêm dias, diz o Senhor, em que mudarei a sorte do meu povo Israel e Judá, diz o Senhor; fá-lo-eis voltar para a terra que dei a seus pais, e a possuirão” (Jeremias 30:1-3). No capítulo 31:17, o profeta declara ainda: “Há esperança para o teu futuro, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos.”

Zacarias, um dos profetas que atuou já bem próximo do fim do cativeiro, relata a visão que teve, na qual um anjo do Senhor disse: “Ó Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?” (Zacarias 1:12). Com certeza, a história dessa visão reanimou e fortaleceu a esperança daquele povo inconformado. Relatando ainda sua visão, Zacarias afirma: “Respondeu o Senhor com palavras boas, palavras consoladoras, ao anjo que falava comigo. E este me disse: Clama: Assim diz o Senhor dos Exércitos: com grande empenho estou zelando por Jerusalém e por Sião.” (Zacarias 1:13,14).

O Salmo 137, composto depois da vinda do cativeiro, é uma memória dos tempos do exílio. Nesse salmo, o poeta declara que lá no cativeiro o povo jamais esqueceu a terra natal: “Às margens dos rios da Babilônia nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.” (v.1); “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha  maior alegria.” (vv. 5,6).
Não podemos nos acomodar e ficar conformados com a situação que nos envolve. O povo de Deus não se conforma com o presente século (Romanos 12:2). Devemos, portanto, viver sempre na esperança de dias melhores, agindo e crendo na intervenção histórica de um Deus que, com grande empenho, está zelando por nós. “Até quando?” é a palavra de esperança de um povo que não se conforma, que sabe que mais cedo ou mais tarde o Senhor se manifestará. Com a oração, podemos nos unir ao Senhor na intervenção da história humana e mudar coisas antes vistas pelos olhos humanos como impossíveis. A exemplo de Jó, devemos dizer: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19:25).





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