quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Em Nome de Deus

Êxodo 20:7

Leitura Semanal:

Segunda: Levítico 19:11-15;
Terça: 1 Samuel 2:12-26;
Quarta: 1 Samuel 2:27-36;
Quinta: Salmo 50;
Sexta: Malaquias 1:6-14;
Sábado: Malaquias 2:1-9;
Domingo: Filipenses 2:5-11.





O título deste estudo faz lembrar o filme dirigido por Clive Donner, com o mesmo nome. Este filme tem como ambiente Paris do século XII, onde havia o amor proibido de Abelardo e Heloísa, bem como a tirania do poder religioso e político de uma época sombria, marcada por ambição e terror, sendo tudo feito ironicamente “em nome de Deus”.

Durante o tempo em que viveram no Egito, os filhos de Israel ficaram expostos a uma intensa religiosidade pagã. Após a saída do Egito o povo haveria de ter contato com outros povos igualmente religiosos paganizados. A religiosidade dos povos antigos ocorria em torno de deuses feitos à imagem e semelhança de suas paixões e desejos. Deuses que nem sempre eram respeitados ou cultuados com sinceridade e fidelidade. A maneira de viver nem sempre expressava temor e respeito pelos deuses. Em outras palavras, expressavam com palavras servirem a seu deus, mas negavam totalmente isto na sua vida diária. Segundo Carlos Mesters, “no Egito, na casa da servidão, o faraó e os reis faziam tudo em nome dos seus deuses. A invocação do nome dos deuses encobria o roubo, a injustiça, as mordomias, as mentiras. Diziam que era o 'direito dos reis'" (1 Samuel 8:10-20).

Sendo este o costume das nações, Deus ordena a seu povo uma postura diferente: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão...”

Para os israelitas o nome estava ligado intimamente à pessoa. Algumas vezes indicava o seu caráter (Êxodo 3:13; Mateus 1:21), outras a posição que ocupa (Êxodo 23:21), ou até mesmo a missão e propósito destinado. O nome do Senhor é, pois, um nome maravilhoso e cheio de mistério (Isaías 9:6), santo e reverenciável (Salmo 111:9; Lucas 1:49), glorioso e terrível (Deuteronômio 28:58), cuja glória foi revelada a Moisés (Deuteronômio 32:3), pelos profetas (Salmo 99:3; Isaías 63:12,14), e finalmente em Cristo e pelos seus discípulos (João 17:6,26). Maravilhas foram operadas pela fé em Seu Nome (Atos 3:16). Os pagãos servem-se em vão deste nome, explorando o poder divino em benefício próprio como bruxarias e adivinhações (Deuteronômio 18:9-14; Atos 8:9-24); os estadistas e políticos usam este nome para apoiarem e justificarem as suas injustas ações e decisões e até mesmo os cristãos por vezes o utilizam em vão, como fazem os pagãos (Mateus 6:7).

Existem muita conversa a respeito do nome de Deus. Existem aqueles que afirmam expressamente que o nome de Deus é Jeová, outros dizem que é Yeho... mas a verdade é que o nome dado por Deus a Moisés é YHWH (Êx. 3:14). O hebraico antigo não tinha vogais, sendo apenas consoantes. A leitura do texto era algo “dedutivo”, ou seja, deveria se prestar atenção no texto para saber qual era a pronúncia da palavra. Devido ao temor dos israelitas pelo nome do Senhor, todo escriba, quando copiava o texto sagrado, lia em sua mente a pronúncia do Nome, mas pronunciava Adonai (Senhor) pelo temor ao nome e usava uma pena especial que era usada somente para escrever o nome de Deus. Devido a este temor, a pronúncia se perdeu e o que temos são possibilidades. Em nosso meio cristão evangélico as Bíblias estão usando a palavra SENHOR, com todas as letras maiúsculas ao invés de YHWH. Poucas trazem Yahweh, Javé ou mesmo Jeová. Em todos estes o significado é parecido com “Aquele que vive por si mesmo” ou “o Eterno”. Em suma, Deus sempre se revelou com um nome diferente para cada situação (veja no final do estudo alguns dos nomes de Deus). Como diz a pastora Ivanilte, Deus tem o nome de sua necessidade!

Vejamos, pois, os ensinos deste tão importante mandamento:

1. O que significa tomar o nome de Deus em vão? - a partir de Levítico 19:11-12 somos levados a entender que tomar o nome de Deus em vão, originalmente significava jurar falsamente pelo nome de Javé, isto é, usar o nome de Deus para dar base para uma declaração mentirosa, como se fosse verdadeira. Também pode incluir juramentos frívolos (sem sentido ou sem seriedade, isto é, de “brincadeira”).
Segundo R. Alan Cole “jurar pelo Seu nome (e não pelo de qualquer outro deus) era um sinal de que tal pessoa era um adorador de Javé (Jeremias 4:2) e, por isso, era algo digno de louvor. Uma razão mais profunda para tal proibição (de não tomar o nome de Deus em vão), pode ser vista no fato de que Deus era a única realidade viva para a mentalidade israelita. É por isso que o seu nome era sempre envolvido nos votos e juramentos, normalmente na fórmula “tão certo como vive o Senhor” (2 Sm. 2:27). Usar tal frase e depois deixar de cumprir o voto era questionar a realidade da própria existência de Deus” (veja Eclesiastes 5:2-5).

Sendo assim, percebemos que usar o nome de Deus em vão, não se restringe, como se compreendia no judaísmo mais recente, tão somente ao uso impensado e irreverente da palavra “Javé”. Mas envolve, sobretudo, um comportamento e uma ética que não estão de acordo com as qualidades de Deus, mas atribuídos a Ele ou supostamente apoiados por Ele.

Portanto, tomar o nome de Deus em vão significa valer-se de Seu precioso e incomparável Nome para, de forma irreverente e condenável, promover a mentira, a injustiça, enfim tudo o que é mal. Segundo C. Mesters “a pior coisa que se pode fazer é invocar o Nome do libertador Javé para justificar e reforçar a opressão e exploração do povo. Quem faz isto, inverte a ordem das coisas. Ele usa o nome de Deus para o que é vão.”

No terceiro mandamento exige-se que o Nome de Deus, os seus títulos, atributos, ordenanças, a Palavra, os sacramentos, a oração, os juramentos, os votos, suas obras e tudo quanto por meio do que Deus se faz conhecido, sejam santa e reverentemente usados em nossos pensamentos, meditações, palavras e escritos, por uma afirmação santa de fé e um comportamento conveniente, para a glória de Deus e para o nosso próprio bem e de nosso próximo.

O terceiro mandamento refere-se à maneira de adorar, que seja com toda a reverência e seriedade possível. Os votos falsos são proibidos. Toda menção leviana de Deus e toda maldição profana é uma horrível transgressão deste mandamento. Não importa se são usadas palavras com ou sem sentido. Toda piada ou gracejo profano com a Palavra de Deus, Seu Nome e todas as coisas sagradas violam este mandamento, e não há proveito, prazer e honra nisto. O terceiro mandamento proíbe o uso do nome de Deus a serviço da incredulidade e da mentira. Apelar para o nome de Deus para apoiar nossa falsidade provoca juízo certo. Aqui também se vê o poder moral que o nome de Deus tem na vida dos cristãos, levando-os a viver de um modo digno (Efésios 4:1) e isto é não tomar o nome de Cristo em vão. Ter um mal testemunho é de fato fazer com que o nome de Deus seja blasfemado (Romanos 2:24). Quando Jesus nos ensinou a oração do "Pai nosso", uma das frases é “santificado seja o vosso nome”, querendo dizer com isto que nosso modo de proceder deve ser santo assim como Ele é santo! O nome de Deus é respeitado pelos de fora de acordo com nosso comportamento e testemunho!

Enquanto que o primeiro mandamento fala da unidade de Deus, o segundo fala de Sua espiritualidade e o terceiro da Sua divindade ou essência. No primeiro somos proibidos de fazer que Deus seja um entre muitos quando Ele é o único; no segundo de O igualarmos a uma imagem corruptível, quando Ele é o Espírito incorruptível; no terceiro de identificá-lo de qualquer modo com a criatura, quando Ele é o Criador. A primeira lei nos instrui que Deus deve estar em primeiro lugar, a segunda que nós tenhamos uma imagem correta dEle, e a terceira , que se pense dEle da maneira correta. Cada pessoa é o que ela pensa! Os pensamentos das pessoas transparecem em seu semblante. Marco Aurélio disse: “Nossa vida é aquilo que nossos pensamentos a tornam”. Por isso tão conveniente é o que Paulo nos ensina em Filipenses 4:8! Hawthorne conta a história de um menino de nome Ernest, que gostava de contemplar um imenso rosto de pedra na encosta de uma montanha. A face tinha uma expressão de grande força, bondade e honradez, que fazia vibrar o coração do garoto. Havia uma lenda que dizia que, no futuro, surgiria naquele lugar um homem que se pareceria muito com o rosto de pedra. Durante sua infância, e mesmo depois de adulto, Ernest sempre fitava aquela figura, aguardando o aparecimento do homem que seria semelhante à imagem. Certo dia, quando o povo da localidade estava conversando a respeito da lenda, alguém de repente exclamou: “Olhem! Vejam só! Ernest é o homem que se parece com o grande rosto de pedra!” Ele se tornara na imagem que ocupava seus pensamentos.

O terceiro mandamento ordena que alimentemos nossa mente com conceitos elevados acerca de Deus, que nos inspirem e nos levem a reverenciá-lo. O apóstolo Paulo nos diz: “Tudo o que é verdadeiro... respeitável... justo... puro... amável... tudo que é de boa fama... seja isso que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4:8). Estes elementos são atributos divinos. Pensar em Deus nos edifica, nos eleva, e nos torna mais semelhantes a Ele.

Existem pelo menos três modos de profanarmos o nome de Deus. Primeiro, por nossa linguagem. Nós temos hoje várias manias, mas a mais comum é a mania de praguejar. É impressionante como a linguagem atual está cheia de abusos. A palavra diabo, por exemplo, tem sido usada e abusada. Diz-se: “Foi uma correria dos diabos!” O diabo é de origem ímpia, e não devemos encher a nossa mente com ele nem com conceitos a seu respeito, pois isto degrada nossa alma. A palavra “profano” vem do latim profanus; pro significa “diante, perante”, e fanum, “templo”. Um termo profano, portanto, é o que não se usa num templo, o que não deixa de ser uma boa maneira de guiar a nossa linguagem.

O segundo modo de tomarmos o nome de Deus em vão é não temê-lo. Nós todos admitimos a existência de Deus, mas nossa fé é simplesmente “da boca para fora”. Jesus disse certa vez: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica...” (Mateus 7:24). Falar a respeito de Deus e não viver segundo Ele, é uma profanação pior do que a prática da linguagem obcena. A fé que não opera uma transformação radical na vida de quem a possui é pura hipocrisia e engano. Uma fé vazia e sem significado pode ser pior que uma total falta de fé.

Outro modo pelo qual tomamos o nome de Deus em vão é nos recusando a ter comunhão com Ele ou receber seu auxílio. Se eu digo que certo homem é meu amigo, mas nunca tenho qualquer contato com ele, nem peço sua ajuda, então estou sendo falso ao chamá-lo de amigo. Se acredito na competência de um determinado médico, logicamente recorrerei a ele, quando estiver doente. Entretanto, quando Adão e Eva pecaram, fugiram e se esconderam de Deus. Desde então, seus descendentes vêm fazendo o mesmo. A mancha do pecado é uma realidade em nossa vida. Só existe uma pessoa que pode perdoar o pecado e, se nós deixarmos de orar, se fecharmos a Bíblia, se voltarmos as costas ao seu altar, estaremos cometendo a pior profanação possível. Nós erramos, e nossa consciência nos condena a um inferno terrível do qual não podemos escapar. Depois nos lembramos de que “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). Então, humildemente, nós nos prostramos diante dEle, e recebemos o Seu perdão. Passamos a então viver para Ele e de acordo com Seus preceitos.



2. Porque o nome de Deus não pode ser tomado em vão? - “...porque o Senhor teu Deus não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.” À luz do tópico anterior vimos que, o tomar o nome do Senhor em vão, constitui-se numa terrível afronta ao Deus santo, justo e temível, que não suporta a iniquidade. Esta atitude pecaminosa proibida no terceiro mandamento consiste em: “não usar o nome de Deus como nos é requerido e o abuso no uso dele por uma menção ignorante, vã, irreverente, profana, supersticiosa ou ímpia, ou outro modo de usar os títulos, atributos, ordenanças, ou obras de Deus; a blasfêmia, o perjúrio, toda abominação, juramentos, votos e sortes ímpios; a violação dos nossos juramentos e votos, quando lícitos, e o cumprimento deles, se por coisas ilícitas; a murmuração e as rixas, as consultas curiosas, e a má aplicação dos decretos e providência de Deus; a má interpretação, a má aplicação ou qualquer perversão da Palavra ou de qualquer parte dela; as zombarias profanas, questões curiosas e sem proveito, vãs contendas ou a defesa de doutrinas falsas; o abuso das criaturas ou de qualquer coisa compreendida sob o nome de Deus, para encantamentos ou concupiscências e práticas pecaminosas; a difamação, o escárnio, vituperação, ou qualquer oposição à verdade, à graça e aos caminhos de Deus; a defesa da religião por hipocrisia ou para fins sinistros; o envergonhar-se da religião ou o ser uma vergonha para ela, por meio de uma conduta inconveniente, imprudente, infrutífera e ofensiva, ou por apostasia”. Todos os que praticam esses pecados estão sob o juízo de Deus, porque “o Senhor é Deus zeloso e vingador, o Senhor é vingador e cheio de ira; o Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder, e jamais inocenta o culpado” (Naum 1:2,3; Gálatas 6:7). No Salmo 50 é descrito o juízo de Deus sobre os que não levam o Seu nome a sério. Nos versículos 16 e 17 o Senhor indaga: “De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina, e rejeitas as minhas palavras?”

É oportuna a recomendação de Hebreus 12:28,29: “... retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temos; porque o nosso Deus é fogo consumidor.” Tal conduta não expõe o nome de Deus, pelo contrário, o honra. Precisamos, portanto, ser cuidadosos quanto ao que falamos e fazemos (Colossenses 4:5,6; Mateus 5:16).

Carlos Mesters ressalta o seguinte: “Depois da ressurreição, Jesus recebeu um novo Nome que está acima de todo nome (Filipenses 2:9). O novo nome de Jesus é SENHOR (Filipenses 2:11; Atos 2:36). Senhor é a maneira como os seguidores de Jesus, os primeiros cristãos, o chamavam. A palavra grega “kurios” que é traduzida por senhor era usada apenas para o imperador, César. Portanto, quando diziam que Jesus era kurios, houve uma grande choque.

3. Como podemos honrar o nome de Deus? - a prática do terceiro mandamento exige de nós uma conduta, através da qual, o nome de Deus seja respeitado, exaltado e honrado. É precisamente isto que o apóstolo Pedro recomenda: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais que fazem guerra contra alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pedro 2:11,12).
O nome de Jesus é poderoso, pois está acima de todo o nome (Filipenses 2:9; Efésios 1:21). Por meio deste Nome temos a salvação (1 João 5:13; Romanos 10:13), os pecados são perdoados (1 João 2:12), os enfermos recebem a cura (Tiago 5:14), pregamos o evangelho (2 Coríntios 5:20), recebemos os dons e ministérios (Romanos 1:5), temos poder contra os espíritos malignos (Atos 16:18), podemos orar em seu Nome e temos a alegria completa (João 16:24), recebemos o Espírito por causa do Nome (João 14:26), nos tornamos filhos de Deus (João 1:12), por causa do Nome de Jesus somos perseguidos e afligidos (Lc. 21:12) e neste Nome devemos viver e moldar nossa conduta (Colossenses 3:17; Romanos 11:36). Mas não basta dizer “Senhor! Senhor!”, antes é preciso praticar a vontade do Pai (Mateus 7:21), vivendo de modo digno perante este Nome, honrando-o, adorando-o e servindo-o! Através desta coerência entre o falar e o viver, honramos a Deus e evitamos o perigo de tomar o Seu santo nome em vão.

a) As expressões “meu Deus”, “Deus me livre”, “Deus é testemunha”, “juro por Deus”, “pelo amor de Deus” são frequentes em nosso meio. Tais expressões podem significar o uso do nome de Deus em vão?

b) Que atitudes comuns entre o povo de Deus hoje podem ser considerados como uso em vão do nome de Deus?

c) Você acha que a igreja dá a devida atenção ao terceiro mandamento?



quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Deus Único - BASE de Férias

Texto Principal: Êxodo 20:3



Textos para leitura semanal:

Segunda: Êxodo 32; 

Terça: 1 Reis 18:25-34; 
Quarta: Josué 24:14-25; 
Quinta: Salmo 115:1-8; 
Sexta: Mateus 6:24; 
Sábado: Romanos 1:18-32; 
Domingo: 1 Coríntios 10:14-22.

Quando o povo de Israel deixou o Egito, por mãos fortes e braço poderoso do Senhor, viu-se liberto de seus opressores. Ao cruzar o mar para a liberdade, o povo trouxe consigo uma influência cultural e religiosa muito forte, recebida pelos egípcios. Ainda era muito fácil os hebreus trocarem o Deus Vivo e Verdadeiro por um Bezerro de Ouro, que lembrava Apis, um deus egípcio (Êxodo 32). Isto, porque o simples fato da libertação física da opressão dos egípcios não significava que tinham também se livrado dos usos, costumes, cultura, tradições e religiosidades adquiridos durante cerca de 400 longos anos.

Havia sim a necessidade de um tratamento interno na mente e no coração deste povo. Deus o conduziria até o final onde, por meio dos mandamentos, traria ao povo uma orientação segura e equilibrada, que promoveria cura interior nas memórias que lembravam dos dias de pecado no Egito. 

Talvez a maior de todas as lembranças e o que se tornaria para Israel um dos maiores desafios se relacionava com a idolatria. Postes ídolos, imagens de barro, de fundição de ouro, de madeira, etc. Isto, porque no Egito existiam muitos deuses-animais, imagens de seres humanos, figuras da natureza, seres sem vida, rios com jeito de deus, deus com cara de gente, como no caso de Faraó. 

O desafio deste texto inicial da Lei, era promover a libertação interior do povo da idolatria e de toda forma de culto que não poderia continuar na vida daqueles que foram libertos e resgatados pelo Único Deus, Vivo e Verdadeiro. 

Ao retratarmos a indignação de Deus para com a idolatria na vida de uma nação, estamos retratando o próprio drama da nação brasileira, enraizada em diversos costumes, cultos e formas de religiosidade, as quais projetam deuses à semelhança dos do Egito. 

Em 12 de outubro de 1995, um acontecimento marcou o ano como fato religioso em nossa nação. O caso do pastor que, pregando contra a idolatria, chutou a imagem da “santa”; tal ato gerou, via mídia, uma comoção nacional. Este episódio demonstrou que a nossa nação está atolada na idolatria. Nosso país é manipulado pelas mesmas mãos que confeccionam e administram tais imagens para ilusão e veneração do povo, assim como o que aconteceu em Éfeso (Atos 19:23-41). E, de igual modo, denunciam a intolerância que certas pessoas cultivam quanto à liberdade de expressão religiosa. 

Assim, ao olharmos os ensinos bíblicos nos mandamentos do Senhor, encontramos de início a afirmação ao povo que deseja ser povo de propriedade exclusiva de Deus. Que deseja servir amorosamente Àquele que os libertou do cativeiro, da escravidão e da manipulação religiosa: “Não terás outros deuses diante de mim”. 



Por que não ter outros deuses, se não existe outro deus além do Deus Único e Verdadeiro? Porque proibir a adoração a outros deuses, se não passam de projeções humanas? Que ensinos podemos tirar deste mandamento? 

1. Exclusividade conquistada pela liberdade proporcionada: ao sair do Egito, o povo trazia na memória os cultos, as festas religiosas, os dias santos e de comoção nacional pelos feitos de tais deuses... Era ainda viva a memória dos banquetes, das panelas de carne e das orgias que serviam para honrar tais divindades e para humilhar o homem. 

Como Deus único, verdadeiro e vivo, o Senhor requeria do povo exclusividade. Não aceitava outros deuses, pois não existiam outros deuses para libertá-los da escravidão. Não houve deus que se levantasse para socorrê-los. Por que haveriam outros deuses para serem adorados? 

O profeta Elias ousou desafiar os 450 profetas, gurus e guias estabelecidos por Baal. Reuniram-se no Monte Carmelo, na casa de Baal para um desafio. E a Palavra afirma: “Tomaram o novilho que lhes fora dado, e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio dia, dizendo: Ah, Baal, responde-nos! Ao meio dia Elias zombava deles dizendo: Clamai em altas vozes, pode ser que esteja meditando, ou atendendo as necessidades, ou de viagem, ou a dormir... Porém não houve voz, nem resposta” (1 Reis 18:25-29). 

Deus não queria qualquer tipo de associação com os deuses que foram vistos no Egito. Os ídolos não falam. Não puderam lhes socorrer. Não são seres inteligentes e criadores. Os ídolos desde então são criados para manipular pessoas e a massa do povo. Estavam a serviço da opressão e exploração a mando de Faraó. Devido a isto, Deus queria que houvesse distinção. 

No livro dos Juízes existe um ciclo que demonstra como o povo de Israel, mesmo em Canaã ainda estava ligado à idolatria e não se portava diante do Senhor em exclusividade de coração. Os ciclos são: a) o povo livre, afasta-se do Senhor; b) criam para si deuses; c) Deus repulsa a idolatria do povo; d) o povo cai escravo de seus inimigos; e) o povo clama a Deus no cativeiro; f) Deus socorre seu povo e levanta um juiz libertador; g) o povo livre, afasta-se do Senhor... 

O apóstolo Pedro chama a Igreja para estar bem atenta para não cair neste mesmo erro. Em 1 Pedro 2:9,10 ele afirma: “Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus; a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”

2. Exclusividade que condena falsidade: neste mandamento, Deus revela seu desagrado com a idolatria, devido ser esta a própria expressão da falsidade. Os ídolos não são deuses. São apenas obras “artísticas”. O livro do Salmos afirma:  “Prata e ouro são os ídolos deles, obras das mãos de homens. Têm boca, e não falam; têm olhos, e não veem; têm ouvidos, e não ouvem; têm nariz, e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam...” (Salmo 115:4-7). 

Por outro lado, afirmam alguns que as imagens são apenas representações artísticas do ser de Deus - a adoração, todavia, segundo estes, é direcionada a Deus. Mas, ao lermos João 1:18, encontramos “Ninguém jamais viu a Deus”. E o grande líder Moisés rogou ao Senhor que lhe mostrasse a sua glória. E Deus lhe disse: “Não poderás me ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êxodo 33:20). Como entender então, o fato de confeccionar-se uma imagem de um Deus que ninguém pode, até hoje, ver fisicamente sua face? Um Deus que a si mesmo se define dizendo:  “Deus é espírito...”  (João 4). Como ser inspirado à adoração a Deus por uma suposta imagem “dEle” sem qualquer glória, sem qualquer esplendor  e refulgências do Deus vivo e verdadeiro? Pura imitação. Apenas uma falsa representação de Deus. E quem trabalha com imitações distorcidas, com realidades falsas, mentirosas e enganosas é o diabo - o pai da mentira (João 8:44). 

Até mesmo nos livros apócrifos encontramos textos que combatem a idolatria, que desmascaram a falsidade dos ídolos como no livro de Sabedoria 13:10-19: “São uns desgraçados, põem sua esperança em seres mortos, estes que chama deuses a obras de mãos humanas, ouro, prata, lavrados com arte, figuras de animais, ou uma pedra inútil, obra de mão antiga.Eis um carpinteiro: ele serra uma arvora fácil de manejar, raspa-lhe cuidadosamente toda a casca, convenientemente a trabalha e dela faz um utensílio para os usos da vida. A sobra de tudo o que para nada serve, um pau retorcido e nodoso; ele o toma e o esculpe nos momentos de lazer, modela-o com capricho para distrair-se e dá-lhe a figura de um homem; ou então torna-o semelhante a um animal desprezível, cobre-o de vermelho, enrubesce-lhe a superfície fazendo desaparecer todas as manchas. Depois faz-lhe um nicho digno dele e o coloca na parede, prendendo-o com um prego! Toma precauções para que não caia, sabendo que ele não pode valer-se a si mesmo; é uma imagem e necessita de ajuda. Entretanto, se quer rezar por seus bens, casamento e filhos, não se envergonha de dirigir sua palavra a este ser sem vida; para a saúde, ele invoca o que é fraco; para a vida, implora o que é morto; para uma ajuda, solicita o que não tem experiência; para uma viagem, dirige-se a que não pode dar um passo e, para ter lucro e êxito em seus trabalhos e empresas, pede vigor ao que nenhum vigor tem em suas mãos!” 

3. Exclusividade resultante da santidade: a palavra “santo” na Bíblia significa “separado”. Deus é um ser separado, diferente e exclusivo. Quando o artesão pega a pedra  ou o pau e dá a forma de um “deus” ou “santo”, de certo modo, além de mostrar a sua arte, coloca o que tem dentro dele na obra feita. Significa que o artista é o dono da obra e que ela foi construída e dedicada a interesses pessoais ou mesmo por interesses coletivos. Deus não tem dono e não pode ser manipulado por nada e por ninguém! No Egito, pela abundância de ídolos, as pessoas tinham os seus preferidos que serviam no culto diário, quando não misturavam vários 
“deuses” num só culto, fazendo uma verdadeira “salada” (sincretismo religioso). Mas o sincretismo religioso nunca foi sinônimo de liberdade religiosa. Josué afirma: “Escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram os vossos pais... ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR”  (Josué 24:15). Diante do desafio de Josué e desta oportunidade de escolher, o povo escolhe servir ao SENHOR. Josué porém alerta:  “Não podeis servir ao SENHOR, porquanto é Deus santo, Deus zeloso...” (Josué 24:19). A santidade de Deus não permite associação, coligação “partidária”. Você pode escolher o que quiser. Mas se quiser servir ao SENHOR, deve saber que a santidade de Deus pede exclusividade dos seus. O próprio Senhor Jesus disse: “Não podeis servir a dois senhores” (Mateus 6:24). A nossa relação com Deus não é uma relação comercial, ou amigável ou de qualquer tipo que não seja a de uma aliança. Deus é Deus de compromisso e a união conjugal é a que mais se assemelha a nossa relação com Deus. Permite-se uma outra pessoa numa relação entre marido e mulher? Da mesma forma Deus não permite outro a quem rendamos glória, louvor a adoração. Ele não divide sua glória com 
ninguém. Se o amamos, provemos nosso amor sendo exclusivos para Ele! 

4. Idolatria não produz vida plena e satisfação pessoal:  o ser humano é um ser adorador por natureza. A crença religiosa e a adoração fazem parte do ser humano, não importa onde ele viva. O homem foi criado incompleto em si mesmo, e não se sente perfeitamente bem enquanto não satisfaz esta fome profunda - o anseio da sua alma. O perigo está no fato do ser humano perverter este instinto de adoração, e criar para si um deus falso. Nenhum ídolo pode preencher o vazio da alma, mas nós podemos passar o resto da vida buscando satisfação num falso objeto de adoração. Neste sentido o mandamento se mostra como uma forma de sermos plenamente felizes. Os mandamentos, de uma maneira geral, são para o nosso bem e não para a satisfação de um tirano. Quando alguém adora um ídolo não está sendo tão primitivo quanto os povos que vivem em tribos? De uma maneira geral são cinco os principais ídolos que as pessoas estão colocando antes de Deus: riqueza, prazer, poder, fama e conhecimento. 

Apêndices (versículos sobre a idolatria): 

1. Se escondem atrás das imagens (ídolos) os demônios: 1 Coríntios 10:19,20; 

2. Espíritos enganadores respondem aos que oram às  imagens: Oséias 4:12; 

3. Como Deus vê as imagens: Jeremias 10:3-5; 

4. O que acontece na vida de quem serve às imagens: Salmo 106:36; Isaías 46:1; 

5. O que se deve fazer com as imagens? Isaías 2:20; 31:7; 

6. O que ocorre na vida da pessoa que confia na imagem? Salmo 115:4-8. 

7. Idolatria traz maldições e embrutece a pessoa: Jeremias 10:14,15; Deuteronômio 27:15 

8. Os ídolos ensinam mentira e confusão: Habacuque  2:2:18; Isaías 31:7; Isaías 41:29. 

9. Mesmo sendo errado, a adoração a ídolos vai permanecer até o Apocalipse: Apocalipse 9:20; 13:11-15.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A Lei de Deus


Êxodo 19:5,6


Segunda: Êxodo 20:1-17;
Terça: Êxodo 22:16-31;
Quarta: Deuteronômio 10:12-11:7;
Quinta: Salmo 1:1-6;
Sexta: Salmo 119:1-8;
Sábado: Mateus 5:17-20;
Domingo: Romanos 3:21-31.



Um dos assuntos mais importantes da teologia bíblica é a Lei. Este tema tem chamado a atenção de estudiosos cristãos desde o início da história do Cristianismo.

Na língua hebraica (a língua em que o Antigo testamento foi escrito) a palavra “lei” tem um sentido bastante abrangente. O biblista francês Pierre Grelot afirma que a lei “designa um ensinamento dado por Deus aos homens para regular sua conduta. Pode-se dizer que a lei, dada a Israel sob a liderança de Moisés, é o eixo central em torno do qual circula toda a vida do povo escolhido."

A lei também ocupa papel importante no Novo Testamento. Em resumo, pode-se dizer que na visão do Novo Testamento (especialmente nos escritos de Paulo), a lei tem o objetivo de apontar para Cristo, o único que pode salvar. “Porque a finalidade da Lei é Cristo para a justificação de todo o que crê”  (Rm. 10:4).

Este estudo tem o objetivo de, ainda que resumidamente, ver um pouco do que a Bíblia ensina sobre a lei de Deus.

1. A Classificação da Lei

Mesmo um exame superficial dos textos que falam sobre a lei, é capaz de mostrar como a lei do povo de Israel era ampla o bastante para cobrir uma vasta área de atividades.

Uma tentativa de classificação da lei pode ser assim apresentada:

1.1. Leis criminais: a lei que previa pena de morte para alguns delitos: Ex. 21:12,15,17; 22:18,20; Lv. 20:10,13,15,27, etc.

1.2. Leis circunstanciais: lei que deveria ser aplicada conforme o caso, a circunstância ou a situação. Geralmente inicia-se com um “se”, que transmite ideia de condição. Os seguintes textos dão vários exemplos de leis circunstanciais: Ex. 22:1-17; Dt. 15:12-17.

1.3. Leis familiares: a instituição familiar tinha grande peso na vida do antigo povo de Israel. Por isso havia leis que regulamentavam, por exemplo, o castigo aos filhos rebeldes (Dt. 21:18-21), a castidade e o casamento (Dt. 22:13-30), a herança dos filhos primogênitos (Dt. 21:15-17), etc.

1.4. Leis cultuais: outro aspecto importantíssimo da vida de Israel era o culto ao Senhor. Diversas leis tratavam do culto, inclusive as que alguns estudiosos chamam de “leis cerimoniais” e também as chamadas “leis sanitárias” , que regulamentavam sobre a higiene, a alimentação, etc. Como exemplos de lei cultual pode-se citar as coletâneas de leis que aparecem em Levítico 1 a 7 e 11 a 14.

1.5. Leis de caridade: uma característica importantíssima da lei de Israel, que frequentemente é ignorada, é o aspecto humanitário que algumas apresentam. O prof. Christopher Wright diz que estas leis incluíam proteção aos fracos - viúvas, órfãos, levitas e imigrantes (Êxodo 22:21-24), justiça para com os pobres (Êxodo 21:25), imparcialidade (Êxodo 23:6-8), generosidade por ocasião da colheita (Levítico 19:9-10), respeito pelas pessoas e pela propriedade, mesmo de um inimigo (Êxodo 23:4,5), o pagamento imediato de salários ganhos pelo trabalhador contratado (Levítico 19:13), sensibilidade para com as pessoas de quem se tomavam objetos como penhor (Êxodo 22:26,27), consideração para com as pessoas recém-casadas (Deuteronômio 20:5-7; 24:5) e até mesmo cuidado para com os animais, domésticos e selvagens, e com as árvores frutíferas (Deuteronômio 20:19,20; 22:6,7; 25:4).

1.6. Lei moral: a tradição reformada, desde João Calvino, usa a expressão “lei moral” para referir-se aos Dez Mandamentos.

2. Os propósitos da Lei

Com que razão a lei foi entregue a Israel? É importante tentar responder a esta pergunta, para que se saiba o objetivo da lei. Sem a intenção arrogante de apresentar a última palavra sobre o assunto, ou de esgotá-lo, pode-se dizer que a lei tinha os seguintes propósitos ou objetivos:

2.1. Propósito santificador: a lei foi dada para a santificação do povo. “Eu sou o Senhor vosso Deus: portanto vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo...” (Lv. 11:44). Este texto do livro de Levítico diz claramente que uma das razões de ser da lei é a santificação do povo escolhido. Um dos principais atributos, isto é, características de Deus é a santidade. O Deus que é santo quer que seu povo também seja santo. A lei tem relação com a aliança do Senhor. Israel deveria ser diferente de seus vizinhos que não serviam o Deus Eterno. Esta diferença era proveniente da obediência à lei, produtora de santidade para o povo.

2.2. Propósito educador: há também nas leis um forte elemento didático, isto é, ensinador. Este propósito educativo da lei pode ser observado na escala de valores que a lei apresenta. Conforme esta escala de valores, vidas são mais importantes que coisas. Em Israel, o roubo não era punido com pena de morte, para mostrar que a vida humana, mesmo a de um ladrão, vale mais que uma propriedade. Outro princípio ensinado pela lei é que a vida, até a de um criminoso, era digna de respeito mesmo no momento em que recebe uma merecida disciplina. Dt. 25:1-3 deixa bem claro este interessante aspecto da lei mosaica.

2.3. Propósito testemunhador: pode-se falar também em um propósito de testemunho existente na lei. Alguém pode pensar que todas as minúcias e detalhes da lei tinham um aspecto limitador da vida. Nada mais distante da verdade. Na realidade, pode-se dizer que a lei tinha um propósito missionário. Isto, porque as leis de Israel tornavam este povo diferente de todos os seus povos vizinhos. Estes, certamente, teriam sua atenção voltada para este povo de costumes tão diferentes. Assim, Israel teria a oportunidade de testemunhar sua fé em Javé, o Deus Criador e Libertador, que entrara em aliança de amor e graça com o povo que escolhera. Infelizmente, a história bíblica mostra que Israel quase sempre foi desobediente aos mandamentos da aliança deixando assim de cumprir seu papel missionário, de testemunha do Senhor no mundo.

2.4. Propósito social: outro propósito importantíssimo da lei é o propósito social. A lei foi dada também com a intenção de que houvesse justiça social em Israel. As já citadas leis de caridade expressam este propósito. Havia ainda outras leis que, se obedecidas, fariam com que em Israel não existissem os extremos de muita riqueza e muita pobreza: a lei do ano do jubileu (Lv. 25:8-34), que previa o perdão de dívidas e libertação de escravos e o retorno de terras vendidas aos seus antigos proprietários, para evitar que alguns se tornassem proprietários de muitas terras e outros perdessem suas heranças. Este propósito social é claramente expresso em Dt. 15:4: “...para que entre ti não haja pobre...”

Mas é preciso que se diga que a lei tem suas limitações. A principal limitação da lei é que ela não pode salvar o ser humano. A lei conduz até Cristo, mas não é suficiente para a nossa salvação: “... As leis judaicas eram nosso mestre e guia até que Cristo viesse para nos dar uma posição correta perante Deus por meio de nossa fé.” (Gl. 3:24—Bíblia Viva).

3. Cristo e a Lei

Finalmente, deve-se pensar sobre o relacionamento entre Cristo e a lei de Deus. Esta questão é bastante séria e deve ser considerada pelos que estudam este assunto.  O Senhor Jesus Cristo declarou, no Sermão da Montanha, que não veio ao mundo para abolir ou anular a lei, mas para cumpri-la (Mt. 5:17,18). Em seu comentário a esta passagem, o ver. John Stott afirma que Jesus cumpriu todo o ensinamento doutrinário da lei (com sua pessoa, seu ensinamento e sua obra), e também cumpriu toda a profecia preditiva e todos os preceitos éticos da lei.

Deve-se lembrar também que Jesus cumpriu a assim chamada lei cerimonial (relacionada com o sistema de sacrifícios) do Antigo Testamento. Este é o tema da epístola aos Hebreus, especialmente os capítulos 7:1 a 10:18. Jesus, com sua morte na cruz, cumpriu, de maneira completa e perfeita tudo aquilo para o que a lei de Moisés apenas apontava: “Com efeito nos convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro por seus próprios pecados, depois pelos do povo, porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. Porque a lei constitui sumo sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei constitui o Filho, perfeito para sempre” (Hb. 7:26-28).

Assim, para a glória de Deus e a nossa salvação, nosso Senhor cumpriu integralmente toda a lei. Isto não significa que os cristãos são livres para viverem de qualquer maneira, como bem quiserem. O Senhor Jesus conclui seu ensino sobre a lei no Sermão do Monte dizendo que seus seguidores devem ter obediência aos princípios éticos e morais da lei: “Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no Reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus” (Mt. 5:19).

1. Como viver a vida cristã com santidade, porém, sem cair no legalismo?

2. As leis criminais, circunstanciais, familiares, cultuais, morais e de caridade do antigo Israel têm alguma validade para os cristãos hoje? Justifique.

3. Os judeus acrescentaram muitas tradições à lei dada por Deus. Você acha que o mesmo tem acontecido entre os cristãos? Explique sua resposta.