Êxodo 19:5,6
Segunda: Êxodo 20:1-17;
Terça: Êxodo 22:16-31;
Quarta: Deuteronômio 10:12-11:7;
Quinta: Salmo 1:1-6;
Sexta: Salmo 119:1-8;
Sábado: Mateus 5:17-20;
Domingo: Romanos 3:21-31.
Um dos assuntos mais importantes
da teologia bíblica é a Lei. Este tema tem chamado a atenção de estudiosos
cristãos desde o início da história do Cristianismo.
Na língua
hebraica (a língua em que o Antigo testamento foi escrito) a palavra “lei” tem
um sentido bastante abrangente. O biblista francês Pierre Grelot afirma que a
lei “designa um ensinamento dado por Deus aos homens para regular sua conduta.
Pode-se dizer que a lei, dada a Israel sob a liderança de Moisés, é o eixo
central em torno do qual circula toda a vida do povo escolhido."
A lei também
ocupa papel importante no Novo Testamento. Em resumo, pode-se dizer que na visão
do Novo Testamento (especialmente nos escritos de Paulo), a lei tem o objetivo
de apontar para Cristo, o único que pode salvar. “Porque a finalidade da Lei é Cristo para a justificação de todo o que
crê” (Rm. 10:4).
Este estudo tem o
objetivo de, ainda que resumidamente, ver um pouco do que a Bíblia ensina sobre
a lei de Deus.
1. A Classificação da Lei
Mesmo um exame
superficial dos textos que falam sobre a lei, é capaz de mostrar como a lei do
povo de Israel era ampla o bastante para cobrir uma vasta área de atividades.
Uma tentativa de
classificação da lei pode ser assim apresentada:
1.1. Leis criminais: a lei que previa
pena de morte para alguns delitos: Ex. 21:12,15,17; 22:18,20; Lv.
20:10,13,15,27, etc.
1.2. Leis circunstanciais: lei que deveria
ser aplicada conforme o caso, a circunstância ou a situação. Geralmente
inicia-se com um “se”, que transmite ideia de condição. Os seguintes textos dão
vários exemplos de leis circunstanciais: Ex. 22:1-17; Dt. 15:12-17.
1.3. Leis familiares: a instituição
familiar tinha grande peso na vida do antigo povo de Israel. Por isso havia
leis que regulamentavam, por exemplo, o castigo aos filhos rebeldes (Dt.
21:18-21), a castidade e o casamento (Dt. 22:13-30), a herança dos filhos
primogênitos (Dt. 21:15-17), etc.
1.4. Leis cultuais: outro aspecto
importantíssimo da vida de Israel era o culto ao Senhor. Diversas leis tratavam
do culto, inclusive as que alguns estudiosos chamam de “leis cerimoniais” e
também as chamadas “leis sanitárias” , que regulamentavam sobre a higiene, a
alimentação, etc. Como exemplos de lei cultual pode-se citar as coletâneas de
leis que aparecem em Levítico 1 a 7 e 11 a 14.
1.5. Leis de caridade: uma
característica importantíssima da lei de Israel, que frequentemente é ignorada,
é o aspecto humanitário que algumas apresentam. O prof. Christopher Wright diz
que estas leis incluíam proteção aos fracos - viúvas, órfãos, levitas e
imigrantes (Êxodo 22:21-24), justiça para com os pobres (Êxodo 21:25), imparcialidade
(Êxodo 23:6-8), generosidade por ocasião da colheita (Levítico 19:9-10), respeito
pelas pessoas e pela propriedade, mesmo de um inimigo (Êxodo 23:4,5), o pagamento
imediato de salários ganhos pelo trabalhador contratado (Levítico 19:13),
sensibilidade para com as pessoas de quem se tomavam objetos como penhor (Êxodo 22:26,27), consideração para com as pessoas recém-casadas (Deuteronômio 20:5-7; 24:5) e
até mesmo cuidado para com os animais, domésticos e selvagens, e com as
árvores frutíferas (Deuteronômio 20:19,20; 22:6,7; 25:4).
1.6. Lei moral: a tradição reformada, desde João Calvino,
usa a expressão “lei moral” para referir-se aos Dez Mandamentos.
2. Os propósitos da Lei
Com que razão a
lei foi entregue a Israel? É importante tentar responder a esta pergunta, para
que se saiba o objetivo da lei. Sem a intenção arrogante de apresentar a última
palavra sobre o assunto, ou de esgotá-lo, pode-se dizer que a lei tinha os
seguintes propósitos ou objetivos:
2.1. Propósito santificador: a lei foi dada
para a santificação do povo. “Eu sou o Senhor
vosso Deus: portanto vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou
santo...” (Lv. 11:44). Este texto do livro de Levítico diz
claramente que uma das razões de ser da lei é a santificação do povo escolhido.
Um dos principais atributos, isto é, características de Deus é a santidade. O
Deus que é santo quer que seu povo também seja santo. A lei tem relação com a
aliança do Senhor. Israel deveria ser diferente de seus vizinhos que não
serviam o Deus Eterno. Esta diferença era proveniente da obediência à lei,
produtora de santidade para o povo.
2.2. Propósito educador: há também nas
leis um forte elemento didático, isto é, ensinador. Este propósito educativo da
lei pode ser observado na escala de valores que a lei apresenta. Conforme esta
escala de valores, vidas são mais importantes que coisas. Em Israel, o roubo
não era punido com pena de morte, para mostrar que a vida humana, mesmo a de um
ladrão, vale mais que uma propriedade. Outro princípio ensinado pela lei é que
a vida, até a de um criminoso, era digna de respeito mesmo no momento em que
recebe uma merecida disciplina. Dt. 25:1-3 deixa bem claro este interessante aspecto da lei mosaica.
2.3. Propósito testemunhador: pode-se falar
também em um propósito de testemunho existente na lei. Alguém pode pensar que
todas as minúcias e detalhes da lei tinham um aspecto limitador da vida. Nada
mais distante da verdade. Na realidade, pode-se dizer que a lei tinha um
propósito missionário. Isto, porque as leis de Israel tornavam este povo
diferente de todos os seus povos vizinhos. Estes, certamente, teriam sua
atenção voltada para este povo de costumes tão diferentes. Assim, Israel teria
a oportunidade de testemunhar sua fé em Javé, o Deus Criador e Libertador, que
entrara em aliança de amor e graça com o povo que
escolhera. Infelizmente, a história bíblica mostra que Israel quase sempre foi
desobediente aos mandamentos da aliança deixando assim de cumprir seu papel
missionário, de testemunha do Senhor no mundo.
2.4. Propósito social: outro propósito
importantíssimo da lei é o propósito social. A lei foi dada também com a
intenção de que houvesse justiça social em Israel. As já citadas leis de
caridade expressam este propósito. Havia ainda outras leis que, se obedecidas,
fariam com que em Israel não existissem os extremos de muita riqueza e muita
pobreza: a lei do ano do jubileu (Lv. 25:8-34), que previa o perdão de dívidas
e libertação de escravos e o retorno de terras vendidas aos seus antigos
proprietários, para evitar que alguns se tornassem proprietários de muitas
terras e outros perdessem suas heranças. Este propósito
social é claramente expresso em Dt. 15:4: “...para que
entre ti não haja pobre...”
Mas é preciso que se diga que a lei tem
suas limitações. A principal limitação da lei é que ela não pode salvar o ser
humano. A lei conduz até Cristo, mas não é suficiente para a nossa salvação: “... As leis judaicas eram nosso mestre e guia até que Cristo viesse
para nos dar uma posição correta perante Deus por meio de nossa fé.” (Gl. 3:24—Bíblia Viva).
3. Cristo e a Lei
Finalmente, deve-se
pensar sobre o relacionamento entre Cristo e a lei de Deus. Esta questão é
bastante séria e deve ser considerada pelos que estudam este assunto. O Senhor Jesus Cristo declarou, no Sermão da
Montanha, que não veio ao mundo para abolir ou anular a lei, mas para cumpri-la
(Mt. 5:17,18). Em seu comentário a esta passagem, o ver. John Stott afirma que
Jesus cumpriu todo o ensinamento doutrinário da lei (com sua pessoa, seu
ensinamento e sua obra), e também cumpriu toda a profecia preditiva e todos os
preceitos éticos da lei.
Deve-se lembrar também
que Jesus cumpriu a assim chamada lei cerimonial (relacionada com o sistema de
sacrifícios) do Antigo Testamento. Este é o tema da epístola aos Hebreus,
especialmente os capítulos 7:1 a 10:18. Jesus, com sua morte na cruz, cumpriu,
de maneira completa e perfeita tudo aquilo para o que a lei de Moisés apenas
apontava: “Com efeito nos convinha um sumo sacerdote, assim
como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito mais
alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de
oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro por seus próprios pecados, depois
pelos do povo, porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se
ofereceu. Porque a lei constitui sumo sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza,
mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei constitui o Filho, perfeito
para sempre” (Hb. 7:26-28).
Assim, para a glória de
Deus e a nossa salvação, nosso Senhor cumpriu integralmente toda a lei. Isto
não significa que os cristãos são livres para viverem de qualquer maneira, como
bem quiserem. O Senhor Jesus conclui seu ensino sobre a lei no Sermão do Monte
dizendo que seus seguidores devem ter obediência aos princípios éticos e morais
da lei: “Aquele, pois, que violar um destes mandamentos,
posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no
Reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado
grande no Reino dos Céus” (Mt. 5:19).
1. Como viver a vida cristã com santidade, porém, sem cair no
legalismo?
2. As leis criminais, circunstanciais, familiares, cultuais,
morais e de caridade do antigo Israel têm alguma validade para os cristãos
hoje? Justifique.
3. Os judeus acrescentaram muitas tradições à lei dada por Deus.
Você acha que o mesmo tem acontecido entre os cristãos? Explique sua resposta.
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