quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O Reino de Deus está Próximo


O Ministério de João Batista

Mateus 3

Segunda: Lucas 1:5-25;
Terça: Lucas 1:57-66;
Quarta: Mateus 3:1-12;
Quinta: Lucas 3:19,20; 7:18-23;
Sexta: Lucas 7:24-35;
Sábado: Marcos 6:14-29;
Domingo: Isaías 40:3-11.

O ministério de João Batista ocupa um lugar especial na história bíblica. Constitui-se um elo importante entre o Antigo e Novo Testamentos, por ser o cumprimento de profecias a respeito daquele que viria para preparar o caminho para Jesus.

Nos tempos antigos, no Oriente, a chegada de um rei a uma determinada cidade ou região era precedida por um mensageiro, que percorria todos os caminhos, fáceis ou difíceis, proclamando que o rei estava vindo. Esse mensageiro era o arauto, que anunciava a guerra ou a paz. Conforme se lê em Isaías 40:3 e Malaquias 3:1. João Batista era esse arauto, cuja missão consistia em proclamar a chegada do Rei dos reis, chamando todos ao arrependimento. No Evangelho de Marcos, as únicas referências ao Antigo Testamento são as duas acima mencionadas, o que confere a João Batista uma posição de destaque no processo da implantação do Reino de Deus entre os homens. Exerceu o seu ministério no 15° ano do imperador Tibério Cesar, por volta de 28 e 29 da era cristã (Lucas 3:1).

Para muitos, tanto no início da era cristã, como ainda hoje, João era Elias reencarnado ou redivino. Porém isto é impossível, já que Elias não morreu, antes foi arrebatado aos céus, assim como Enoque. Na verdade João Batista exerceu um ministério similar ao de Elias. As profecias indicavam alguém que viria para exercer um ministério na mesma unção e poder de Elias, ou seja, nos mesmos moldes em que Elias exerceu o seu ministério (Malaquias 4:5,6; Lucas 1:17). E Jesus afirmou isto, dizendo que João era o profeta esperado nas Escrituras (Mateus 11:14; 17:10-13; Malaquias 4:5,6).

Sobre a pessoa de João Batista pode-se destacar:
  •  Era filho de Zacarias e Isabel (Lucas 1:5-25);
  • Seu pai era sacerdote (Lucas 1:5);
  • Era parente de Jesus (Lucas 1:36);
  • Seu nascimento foi por meio de uma intervenção divina (Lucas 1:24-25). E desde o ventre materno foi batizado com o Espírito Santo, o que lhe conferiu ser o maior dos nascidos de mulher (Lucas 1:41; Mateus 11:11);
  • Era nazireu, alguém consagrado a Deus por meio de um voto especial (Lucas 1:15; Números 6:1-9), ocupando o sacerdócio que havia sido corrompido na época de Anás e Caifás. Era necessário um sacerdote comprometido com o Senhor que impusesse as mãos sobre o Cordeiro do sacrifício, como um ato de passar os pecados de todos, cumprindo a tipologia do dia da expiação, quando o sumo-sacerdote entrava no Santo dos santos para oferecer um sacrifício pelos pecados de todos (Hebreus 9:7);
  • Sua vida foi muito austera. Desde pequeno foi entregue aos beduínos do deserto, entre os essênios, pois Herodes havia decretado a morte dos primogênitos. Viveu entre estes profetas estudando a Torá, numa vida destituída de qualquer luxo. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre, alimentação comum dos pobres no Oriente. Vestia-se de roupas feitas de pêlos de camelo e um cinto de couro, como Elias (Marcos 1:6; II Reis 1:8);
  • Sua autoridade e poder eram semelhantes ao de Elias (Mateus 11:14; Lucas 1:17);
  • Era um profeta e “o maior entre os nascidos de mulher” (Mateus 11:9,11);
  • Foi extremamente humilde (Marcos 1:7);
  • Foi corajoso no combate ao que não estava de acordo com a Lei de Deus (Marcos 6:17,18);
  • Sua pregação era forte e confrontava com o pecado. Lembra em parte a pregação de Jonas e se assemelha às palavras de Elias (Lucas 3:1-17);
  • Exerceu um ministério poderoso e de grande alcance. Conta-se que ele tinha 200 auxiliares e batizava cerca de 5000 pessoas por dia. Mesmo assim, mantinha-se humilde e concentrado na missão que Deus lhe deu (João 1:20-23, 27; 3:30).
O que se pretende com este estudo é uma apresentação da importância do ministério de João Batista para o ministério de Jesus, por meio de uma contextualização de sua mensagem para os dias atuais.

1. Uma nova compreensão do Messias

João Batista foi escolhido para apresentar Cristo ao mundo (João 1:6,7). No entanto ele, primeiramente, apresentou-o aos religiosos de seu tempo (fariseus, saduceus, escribas...), que possuíam uma compreensão totalmente distorcida do Messias prometido no Antigo Testamento. Os judeus esperavam alguém que pudesse livrá-los do poder romano; alguém cujo reino se estabeleceria na terra, restaurando a sua dignidade como nação e raça. Porém, João o apresentou com o Redentor, como aquele que pode transformar vidas, batizando-as com o Espírito Santo e com fogo. A sua pregação apontava para Jesus, revelando-o como o Filho de Deus, o Salvador de todos aqueles que sinceramente se arrependem de seus pecados (João 1:29).

Após o batismo de Jesus, a autenticidade da mensagem de João Batista foi confirmada por Deus Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17). Assim, a pregação de João apresentava a Cristo como verdadeiramente Ele é.

Não são poucos aqueles que possuem uma compreensão errada ou distorcida da pessoa de Cristo. Certa vez, Jesus perguntou aos discípulos: “Quem o povo diz ser o Filho do Homem?” As resposta foram variadas: para alguns, Ele era o próprio João Batista; para outros, Elias; e outros diziam que Ele era Jeremias ou algum dos profetas (Mateus 16:13,14). Essas respostas revelam a ignorância de muitos em relação à pessoa de Jesus. Entretanto, uma compreensão exata a seu respeito considera-o como o Cristo, o Filho de Deus vivo (Mateus 16:16). Hoje muitos tem a Jesus como um simples homem do passado, ou apenas um profeta, ou um mero milagreiro. Mas se esquecem que Ele é Senhor, autoridade suprema (Filipenses 2:5-11), a quem nós devemos nos submeter como servos.

2. Uma nova compreensão da religião

O ministério de João Batista foi marcado por um forte apelo ao arrependimento. O próprio batismo que João realizava era conhecido como batismo de arrependimento. Arrependimento no grego é metanoia e significa “mudança de mente, de um propósito que se tinha ou de algo que se fez”. É algo profundo e não somente fala de mudança de atitudes, mas do que realmente somos. Essa era uma condição que se constituía numa evidência de preparação para a vinda de Jesus. Sem o arrependimento não é possível entrar no Reino de Deus, nem mesmo vê-lo (João 3:3,5). Se não houvesse esta preparação, o Senhor feriria a terra com maldição (Malaquias 4:6). Muitos, hoje, firmam-se em sua tradição religiosa, orgulhando-se de terem nascido em famílias cristãs, ou de pertencerem a determinada denominação, desprezando por completo a necessidade de uma fé pessoal em Cristo Jesus (Mateus 3:1,2). Assim, o novo tempo que Jesus viria instaurar deveria ser percebido com demonstração de quebrantamento do coração, para que a comunhão com o Pai celestial pudesse ser estabelecida. João Batista precedeu a Cristo, preparando o povo com uma mensagem desafiadora. A sensibilidade de coração seria um forte indício de que aquele povo estava se preparando para viver a vida no Espírito.

A mensagem profética de João Batista era primeiramente para os judeus que, orgulhosamente, viviam a sua religião legalista, firmando-se em sua tradição e desprezando a necessidade de arrependimento (Mateus 23:1-36—veja como eram os religiosos da época de Jesus). Para os judeus, a vinda do Messias seria para estabelecer um reino político, um reino para os judeus. Dessa maneira, a compreensão que tinham do Reino de Deus era totalmente contrária àquela que João Batista veio apresentar. Enquanto aguardavam um libertador político, que os salvaria da opressão dos romanos, Jesus veio para libertar de uma escravidão muito maior - a causada pelo pecado.

No entender de João, o Reino de Deus trazido por Jesus era de justiça e paz. O estilo de vida do povo é o que expressaria o recebimento desse reino. Não é a tradição religiosa que revela a entrada de alguém no Reino dos céus. Os judeus se orgulhavam de serem descendentes de Abraão, por isso achavam que estavam vivendo vida agradável a Deus. João Batista mostrou a eles a necessidade de um arrependimento sincero (Lucas 3:8,9). Pelo arrependimento, as pessoas estariam preparadas para receber aquele que batiza com o Espírito Santo e não por serem descendentes de sangue de Abraão.

Todos os que se apresentavam para o batismo de João eram desafiados a reconhecer os seus pecados, confessá-los e dar provas do seu arrependimento. Portanto, a verdadeira religião é resultado de uma mudança interior, de dentro para fora (Mateus 3:7,8).

O batismo que João ministrava era um sinal de que eles haviam se arrependido de seus pecados e aguardavam o momento de receber o Messias. A partir daí, então, experimentavam uma compreensão totalmente nova da religiosidade.

3. Uma nova compreensão da vida

Com certeza, o estilo de vida de João mostrava um desapego total das coisas materiais. Considerado por Jesus mais que um profeta e o maior “entre os nascidos de mulher” (Mateus 11:9,11), ele se julgava indigno de desatar as correias das sandálias de Jesus (Marcos 1:7). Essa atitude era um sinal da sua humildade. A compreensão que ele tinha da vida era de que estava na posição de servo, não de senhor. Muitos lhe perguntaram se ele mesmo era o Cristo, mas sempre respondia que não era (João 1:20). Talvez uma das maiores atitudes de humildade foi quando, no auge do seu ministério, surge o Senhor Jesus e ele permite que alguns dos seus principais discípulos sigam a Ele (João 1:36,37) e, quando alguns de seus discípulos, tomados por inveja, questionaram sobre o fato de Jesus estar batizando também. Frente a isto João nem se incomodou, antes disse que Jesus deveria crescer e ele diminuir, e que sua missão como aquele que estava preparando o caminho para o Messias estava se cumprindo (João 3:22-36). Ele não se preocupava com o poder, a fama, etc. Para ele, a vida representava muito mais. Sua pregação apontava nesta direção. Ao desafiar o povo a uma mudança de comportamento, João estava apresentando também alguns dos verdadeiros valores da vida: a simplicidade, a solidariedade, a justiça, o amor e o contentamento (Marcos 1:6; Lucas 3:11).

Assim, percebe-se que o ministério de João Batista, como precursor de Cristo, caracteriza-se pela apresentação de algo totalmente novo. As velhas e arcaicas estruturas religiosas, bem como a compreensão distorcida de um Messias que viria para implantar um reino terreno, são desfeitas. Uma nova compreensão da vida estava surgindo, preparando o povo para um estilo de vida compatível com o Reino dos céus.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

De Volta para Casa

O fim do Exílio Babilônico

Esdras 1

Segunda: 2 Crônicas 36;
Terça: Esdras 2;
Quarta: Esdras 6;
Quinta: Esdras 8;
Sexta: Neemias 1 e 2;
Sábado: Neemias 12:27-47;
Domingo: Salmo 126.


Após o longo período do exílio babilônico, Deus resgatou o seu povo e o trouxe de volta a Jerusalém, a Terra Prometida, onde deveriam celebrar com alegria ao Senhor.

Houve dois exílios na história do povo eleito. Em 722 a.C. foi deportada para a Assíria a população do Reino do Norte (2 Reis 17). Em 587 a.C. foi deportada para a Babilônia boa parte da população do Reino do Sul, quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém (2 Reis 25).

A deportação, embora não resultasse em prisão, causava grandes sofrimentos. Os exilados eram arrancados de sua terra natal e de suas propriedades; e tinham dificuldades para cultuar ao Senhor, conforme relata a profecia de Daniel. A situação dos exilados os colocava entre o escravo e o cidadão, ou seja, podiam adquirir propriedades, exercer profissões, mas sem ter os direitos dos cidadãos livres.

O exílio babilônico durou de 597 a 538 a.C. para os da primeira deportação; e de 586 a 538 a.C. para os da segunda e grande deportação. Portanto, em números redondos, respectivamente, sessenta e cinquenta anos.

Durante o exílio na Babilônia, o povo foi confortado pelos profetas Ezequiel e Isaías (especialmente os capítulos 40 a 66). Semelhantemente, o profeta Jeremias ocupou um papel importante na vida do povo, pois, não só anunciou o exílio, mas ofereceu ajuda espiritual ao povo nesta época. Esses profetas reavivaram as esperanças do retorno à pátria, o que aconteceu em 538 a.C., com o edito de Ciro, o rei dos persas, que conquistou a Babilônia (Esdras 1:1-4). O final do II livro de Crônicas e os livros de Esdras e Neemias oferecem os relatos históricos a respeito do retorno dos exilados; as profecias de Ageu e Zacarias também aludem ao período da reconstrução da vida nacional.

Zorobabel, Esdras e Neemias foram homens-chave usados por Deus para reorganizar a vida do povo.

Do ponto de vista religioso, o exílio é considerado punição pela idolatria e infidelidade do povo para com Deus. Foi também um tempo de purificação e expiação. Mas foi, sobretudo, um tempo de renovação da esperança, tornando-se um símbolo da conversão, ou da volta a Deus. Infelizmente muitas pessoas somente dão valor para as coisas e para os outros quando os perde.

Assemelhamo-nos ao povo daquele tempo, que se caracterizava pela sua inconstância: num momento, o coração estava voltado para Deus; noutro momento, inclinava-se aos ídolos e ao pecado. As pessoas que são inconstantes, conforme a Palavra, nada vão obter do Senhor (Tiago 1:6-8). Precisamos ser firmes, com o coração totalmente voltado para Ele, perseverando neste propósito, afinal de contas é impossível servir a dois senhores (Mateus 6:24).

Quando confiamos mais em nós mesmos e nos distanciamos do Senhor, pagamos o preço da nossa infidelidade, sujeitando-nos ao fracasso e à derrota. O mais importante é saber que, independentemente de nossa infidelidade, Deus nos desafia, chama-nos, busca-nos. Ele é o Deus fiel que, em seu grande amor, deseja manter-nos próximos dEle (Isaías 30:15; Mateus 23:37).

1. A infidelidade tem um alto preço

Para as gerações posteriores, o cativeiro egípcio era uma lembrança inesquecível, com muitas lições fortes para o povo. No entanto, Israel passou a confiar mais em si, esquecendo-se dos preciosos ensinamentos deixados pelos seus ancestrais e distanciando-se dos caminhos do Senhor. Profetas alertaram o povo quanto aos riscos de infidelidade, mas não foram ouvidos. A consequência foi inevitável e catastrófica: o exílio babilônico (2 Reis 24 e 25; 2 Crônicas 36).

Em um primeiro momento, a nobreza foi levada cativa; os pobres permanecem na terra para trabalhar e pagar os impostos. Posteriormente, o saque foi completo. O templo e o palácio, as casas e as mansões foram incendiados.

Os livros de Daniel e Ester relatam os difíceis momentos vividos pelos povo de Deus nos tempos do exílio. Possivelmente, a cultura babilônica tenha influenciado profundamente o povo de Deus. Isso talvez explique as posturas radicais adotadas por Esdras e Neemias na reconstrução da cidade e reorganização da sociedade de Israel.

A infidelidade a Deus traz sérias consequências. Em 2 Pedro 2, o apóstolo admite que afastar-se do Senhor após conhecê-lo é pior do que nunca o haver conhecido: “o último estado é pior do que o primeiro” (1 Pedro 2:20,22). A partir de então vem as pesadas e sérias advertências da Palavra de Deus (Hebreus 6:4-8; Hebreus 10:30,31). Este exílio na Babilônia nos traz uma lição muito preciosa. Muitos desprezam abertamente a graça de Deus, praticando o pecado conscientemente, achando que depois se arrependendo Deus vai perdoar. Mas não é bem assim que as coisas funcionam. Deus não se deixa enganar. Sem arrependimento sincero e genuíno, não há perdão. Deus conhece nossos corações e não se deixa levar por “conversa barata” de arrependimento insincero. Por outro lado existem aqueles que vivem no pecado e dizem que vão retornar ao Senhor, que se sentem muito mal por levar esta vida, mas que um dia virão a se arrepender e servir ao Senhor. Pensam que sempre haverá uma oportunidade de salvação. Porém a Palavra nos ensina que HOJE é o dia que o Senhor nos deu para voltarmos para Ele (Hebreus 3:7,13,15; 4:7). A oportunidade que bate à nossa porta (Apocalipse 3:20) pode ser a última. Pode ser que alguns que desprezam a graça divina venham a se encontrar com a porta da salvação fechada, por ter se voltado muito tarde (compare com Mateus 25:10-12). Os israelitas tiveram várias e várias oportunidades de arrependimento, quando os profetas do Senhor exortavam o povo a se voltar para Deus. Entretanto  desprezaram o amor e a paciência divina, afastando a doce presença do Espírito, experimentando desta forma a ira e juízo divinos. Que o povo do Senhor pare de brincar com o pecado e leve a sério o Reino de Deus, vivendo de modo digno e reto perante o Senhor!

2. Deus deseja manter-nos próximos dEle

O povo de Deus distanciou-se do Senhor e tornou-se presa fácil dos adversários. Porém, em seu amor e fidelidade, Deus honrou o seu compromisso de estabelecer um povo exclusivamente seu, que desfrutasse de sua íntima comunhão.

São muitas as referências bíblicas para ensinar essa preciosa lição. No começo Deus buscou o seu povo no cativeiro egípcio e o conduziu para a terra prometida. Novamente o povo se distanciou dos caminhos do Senhor e experimentou o exílio babilônico. Deus levantou a Ciro, rei da Pérsia, para conduzir o seu povo de volta para casa (veja as profecias de Isaías 44:24-28; 45:1-13; 48:14). Num belo texto que nos lembra o amor materno, a profecia de Oséias 11 mostra que, apesar da ingratidão de Israel, Deus o ama profundamente (Oséias 11:1-4).

Para mostrar a grandiosidade do amor do Pai, Jesus proferiu as parábolas dos perdidos (Lucas 15). Graças ao Senhor que Ele não nos trata conforme os nossos merecimentos (Lamentações 3:22,23; 2 Timóteo 2:13).

Deus escolheu para si um povo e jurou (por si mesmo) fidelidade incondicional aos seus filhos. Conhecendo nossas limitações e necessidades, Deus sempre busca nos convencer da necessidade dEle! Até mesmo quando passamos por momentos conturbados, fruto de nosso pecado e infidelidade, Ele nos atrai e nos conduz ao caminho de volta. Ele sempre apela ao nosso coração: “Volta, ó Israel!” (Oséias 14; 1 João 1:5-2:2).

3. Deus instrumentaliza os recursos que deseja

Deus tem todo o poder nos céus e na terra. Ele é Todo-Poderoso, absoluto e soberano. Porém, Ele conta com os seus escolhidos para a realização de seus propósitos. Assim, Ele chamou servos seus como os profetas já mencionados, e bons administradores como Zorobabel, Esdras e Neemias para orientar o retorno de seu povo à Terra Prometida e reconstruir a nação. O que mais nos surpreende é verificar que, até mesmo personagens como o estrangeiro Ciro, são instrumentos do Senhor para executar os seus planos (Isaías 44:28; 45:1).

Segundo o comentarista J. Steinmann, Ciro libertou os exilados por entender ser ordenança  de seu deus; também porque compreendia o valor político de suas ações; e, finalmente, porque pretendia propagar a sua religião. Mas, segundo o livro de Esdras (Esdras 1:1), é Deus quem desperta o coração do rei e se dispõe a usá-lo para reerguer a nação escolhida, tal qual aconteceria também com os reis Dario e Artaxerxes (Esdras 6:1-14).

O que se pode constatar é que Deus tem planos e que haverá de cumpri-los sempre: não por nossa causa, mas apesar de nós. Mesmo que não nos coloquemos à disposição dEle, Ele irá usar outro. Em segundo lugar, podemos perceber também que Ele nos ama e nos oferece novas oportunidades que nos ensinam a crescer. Diz a Bíblia que Deus escolheu Israel não por seus merecimentos, mas por amor e por causa do seu juramente (Deuteronômio 7:7-11).

Deus nos surpreende, pois escolhe diferentes pessoas para cumprir os seus propósitos. Lembra-se da mula de Balaão? (Números 22:21-33). Quantos de nós já fomos atendidos ou beneficiados por pessoas consideradas estranhas ao nosso convívio! E quantas pessoas foram usadas por Deus, mesmo sem saber! A obra é do Senhor. E Ele, em sua soberania, utiliza diferentes pessoas e recursos para que a obra se cumpra. Ele conduziu o seu povo de volta para casa através das mãos do rei Ciro. Ele usa a quem bem lhe aprouver. É sempre um privilégio ser usado por Deus: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2:13).


Vamos nos colocar à disposição dEle, como vasos dóceis e úteis, como vasos de bênçãos!

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Da Glória à Ruína

O período dos reis e dos profetas e o cativeiro babilônico

Jeremias 25:1-14

Segunda: 1 Samuel 10:17-27;
Terça: 2 Samuel 2:1-7;
Quarta: 1 Reis 1:11-40;
Quinta: 1 Reis 12:1-20;
Sexta: 2 Reis 17;
Sábado: 2 Reis 24:1-25:30;
Domingo: Salmo 137.


O período histórico do povo de Israel a ser estudado hoje pode ser comparado a um dia ensolarado. Termina a madrugada com o raiar do sol, atinge o máximo de luz ao meio-dia, à tarde vai declinando ao pôr-do-sol, sendo envolvido pelas sombras e o silêncio da noite.

Em Israel, os erros do primeiro reinado foram superados pela força e a grandeza do segundo e pelo esplendor do terceiro. Mas, com o passar do tempo, vieram crises, declínio e um fim sombrio.

O período estudado aqui compreende o início da monarquia - marcado pela escolha de Saul como o primeiro rei - até o exílio na Babilônia. O período se inicia por volta de 1030 a.C. (data aproximada em que Saul começou a reinar), indo até 444 a.C. (data em que Artaxerxes concedeu autorização a Esdras e Neemias para que retornassem a Jerusalém a fim de reconstruírem as muralhas da cidade e organizar a vida do povo). São, portanto, quase 600 anos de história.

Depois de aproximadamente 100 anos do início da monarquia, ocorreu a divisão do reino; O Reino do Sul (Judá), tendo por capital Jerusalém, foi governado no começo por Roboão. O Reino do Norte (Israel), tendo por capital Samaria, teve como primeiro rei, Jeroboão. Cerca de 210 anos depois da divisão, em 722a.C., chegou o fim do Reino do Norte, conquistado e subjugado pelos assírios. Transcorridos mais 135 anos, chegou o fim do Reino do Sul, quando em 586 a.C. Nabucodonosor destruiu Jerusalém, levando o povo para a Babilônia.

Em 539 a.C. uma leva de judeus liderados por Zorobabel retornou a Jerusalém e reconstruiu o templo. Mais tarde, em 444 a.C., outro grupo, liderado por Esdras e Neemias, também retornou a Jerusalém. Sob a liderança destes dois, foram reconstruídas as muralhas da cidade e reorganizada a vida do povo. Muitos judeus, porém, permaneceram no exílio, nunca mais retornando à terra natal.

Antes da divisão do reino, reinaram Saul, Davi e Salomão. Os principais profetas dessa época foram: Samuel, Natã, Gade, Aías e Ido. Após a divisão, reinaram em Judá 20 reis; em Israel, 19. Nesse período, os principais profetas foram: Semaías, Ido e Aías (já mencionados), Azarias, Hanani, Jeú, Elias, Micaías, Jaaziel, Eliézer, Eliseu, Obadias, Joel, Zacarias (filho de Joiada), Jonas, Amós, Oséias, Miquéias, Odede, Naum, Jeremias, Sofonias, Hulda, Habacuque, Daniel, Urias e Ezequiel. No cativeiro, os profetas foram: Habacuque, Daniel, Jeremias e Ezequiel (já mencionados), Ageu, Zacarias e Malaquias.

Os objetivos do presente estudo são: a) mostrar a importância de se ter governantes íntegros, competentes e tementes a Deus; b) mostrar o valor e a necessidade da voz profética na sociedade; c) despertar o povo para crer na intervenção de Deus e agir na busca de transformação.

1. “Fez o que era reto perante o Senhor” - As marcas do governo sensato

Os registros acerca dos reis de Israel e Judá sempre contêm as frases: “Fez o que era reto perante o Senhor” ou “fez o que era mau perante o Senhor”. Essas frases resumem o governo de cada rei. Aqueles que fizeram o “que era reto perante o Senhor” eram tementes a Deus, sensíveis aos anseios do povo, comprometidos com a justiça e humildes para reconhecer e confessar suas faltas, demonstrando dependência de Deus. Entre esses estão, por exemplo, Davi, Joás, Ezequias e Josias.

É difícil haver um governo justo, sensato e sensível às necessidades do povo quando o governante não teme a Deus, não observa os seus mandamentos e despreza os princípios apresentados na Bíblia (Salmo 111:10). O Senhor declara: “Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria, eu sou o entendimento, minha é a fortaleza. Por meu intermédio reinam os reis, e os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra.” (Provérbios 8:12-17). Aquele que despreza o Senhor, com certeza desprezará o seu próximo, feito à imagem e semelhança de Deus (compare com Lucas 18:2).

Por outro lado, a Bíblia nos ensina a orar pelos nossos governantes (1 Timóteo 2:1-4), para que tenhamos um vida tranquila e mansa, bem como para que conheçam a Jesus como Salvador. Também nos ensina que devemos nos submeter a toda autoridade (1 Pedro 2:13-15; Romanos 13:1-7), pois esta é a vontade de Deus. Quem se opõe à autoridade, está em rebeldia e este é um princípio satânico - devemos ter cuidado para não estar operando com base no princípio do inimigo.

2. “Assim diz o Senhor” - O compromisso do verdadeiro profeta

O profeta é elemento essencial na sociedade. Segundo a Bíblia, “não havendo profecia o povo se corrompe” (Provérbios 29:18). O profeta é instrumento de Deus para advertir as autoridades quando se desviam ou excedem (1 Samuel 13:13,14); 2 Samuel 12:1-15); para repreender e exortar o povo quando este se torna infiel (Oséias 4:1-6); para despertar e encorajar nos momentos de crise (Habacuque 3:17-19). Embora na mentalidade das pessoas o profeta fala a respeito das coisas futuras, sua função está muito além disso. O profeta não fala de si mesmo; fala, sim, da parte do Senhor: “Assim diz o Senhor” ou “Veio a mim a palavra do Senhor dizendo” (Isaías 56:1; Jeremias 2:1).

O profeta é o porta-voz de Deus. O verdadeiro profeta não está preocupado em agradar ao rei ou ao povo. O seu compromisso é com a verdade que o Senhor pôs em seus lábios. Naqueles dias, surgiam falsos profetas, os quais diziam somente o que o rei e o povo queriam ouvir (Jeremias 23; 28:15-17; 29:21-32).

A igreja não pode, de maneira alguma, agir como esses falsos profetas. Não pode ignorar ou descartar a dimensão profética da mensagem que anuncia. Não pode ser parcial, tornando-se cúmplice da injustiça, da corrupção e do mal. É importante observar, porém, que a situação do profeta nem sempre é confortável. Às vezes é incompreendido, perseguido e até eliminado (Amós 7:10-13; Jeremias 20:2; 26:20-24; 32:1-5; Mateus 14:1-12; Lucas 13:31-35).

É triste observar que muitas igrejas hoje neguem o ministério profético no seio da igreja, dizendo que este ministério ficou limitado ao Antigo Testamento. Usam o verso de Mateus 11:13, para fundamentar esta ideia. Porém isto não é verdade. Observando o texto de Efésios 4:11 diz que o ministério profético faz parte dos cinco ministérios deixados por Jesus. Também em Atos 21:10 fala acerca de um profeta, chamado Ágabo, e que atuava na igreja, após a morte de João Batista. Devemos valorizar este ministério, bem como os demais, para que a igreja cresça forte e saudável (Efésios 4:12,13).
Por outro lado devemos ter cuidado com os profetas e suas profecias. A Palavra nos ensina a provar os espíritos, e, consequentemente, as profecias (1 João 4:1). A verdadeira profecia deve ter algumas características: ela deve edificar (deve acrescentar à nossa fé), exortar (encorajar a obedecer ao Senhor e Sua Palavra) e consolar (1 Coríntios 14:3). Outra coisa: a profecia verdadeira, vindo da parte de Deus, se cumpre totalmente (Jeremias 28:9; Deuteronômio 18:21-22). Aquele que fala e não se cumpre, falou na sua carne, na sua soberba. Nossa fé não deve se apoiar em profecias, mas antes de mais nada na Palavra de Deus e as profecias devem estar alinhadas com a Palavra, senão facilmente pode-se desviar do Senhor.

3. “Até quando?” - A Palavra de esperança para o povo que não se conforma
Jeremias, o profeta que mais profetizou antes de ocorrer o  cativeiro babilônico, anteviu este cativeiro que estava para começar dizendo: “Porque eis que vêm dias, diz o Senhor, em que mudarei a sorte do meu povo Israel e Judá, diz o Senhor; fá-lo-eis voltar para a terra que dei a seus pais, e a possuirão” (Jeremias 30:1-3). No capítulo 31:17, o profeta declara ainda: “Há esperança para o teu futuro, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos.”

Zacarias, um dos profetas que atuou já bem próximo do fim do cativeiro, relata a visão que teve, na qual um anjo do Senhor disse: “Ó Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?” (Zacarias 1:12). Com certeza, a história dessa visão reanimou e fortaleceu a esperança daquele povo inconformado. Relatando ainda sua visão, Zacarias afirma: “Respondeu o Senhor com palavras boas, palavras consoladoras, ao anjo que falava comigo. E este me disse: Clama: Assim diz o Senhor dos Exércitos: com grande empenho estou zelando por Jerusalém e por Sião.” (Zacarias 1:13,14).

O Salmo 137, composto depois da vinda do cativeiro, é uma memória dos tempos do exílio. Nesse salmo, o poeta declara que lá no cativeiro o povo jamais esqueceu a terra natal: “Às margens dos rios da Babilônia nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.” (v.1); “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha  maior alegria.” (vv. 5,6).
Não podemos nos acomodar e ficar conformados com a situação que nos envolve. O povo de Deus não se conforma com o presente século (Romanos 12:2). Devemos, portanto, viver sempre na esperança de dias melhores, agindo e crendo na intervenção histórica de um Deus que, com grande empenho, está zelando por nós. “Até quando?” é a palavra de esperança de um povo que não se conforma, que sabe que mais cedo ou mais tarde o Senhor se manifestará. Com a oração, podemos nos unir ao Senhor na intervenção da história humana e mudar coisas antes vistas pelos olhos humanos como impossíveis. A exemplo de Jó, devemos dizer: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19:25).





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sociedade sem Lei

O conturbado período dos Juízes

Juízes 2:6-23

Segunda: Juízes 3:1-6;
Terça: Juízes 3:7-31
Quarta: Juízes 4:4-16;
Quinta: Juízes 6:11-24;
Sexta: Juízes 9:7-21;
Sábado: Juízes 13;
Domingo: Juízes 17:1-6; 21:25.

Os juízes de Israel atuaram durante um período de 300 a 350 anos, aproximadamente, desde a morte de Josué até o início do ministério de Samuel. Foi o período que antecedeu a instituição da monarquia em Israel.

Os juízes eram, antes de tudo,libertadores ou salvadores do povo. Eram também os responsáveis pelo julgamento de questões que envolviam o povo de Deus (Josué 2:16).

O quadro abaixo, extraído da Bíblia de Estudo Almeida, fornece uma visão geral desse período, bem como os juízes que foram levantados por Deus. Foram 13 juízes:

Alguns citam Abimeleque, como um pseudo-libertador sem autoridade divina (Jz. 9:1) e também a Eli, o sumo-sacerdote (1 Sm. 4:18), mas não foram efetivamente juízes.

O objetivo do presente estudo é apresentar a graça e a misericórdia de Deus, mesmo em meio à infidelidade e fracassos humanos. Eis algumas lições:

1. Altos e baixos: sinais de um povo em crise

O longo período dos juízes é assinalado por altos e baixos na vida do povo de Deus. Sob a liderança de um juiz o povo se mantinha fiel ao Senhor e vivia um período de paz e prosperidade (Jz. 3:11,30; 5:31; 8:28). No entanto, após a morte do juiz, sobrevinha um período em que os israelitas tornavam a fazer “o que era mau perante o Senhor.” (Jz. 4:1; 13:1). Se afastavam do Senhor e seguiam “pós outros deuses, dentre deuses das gentes que havia ao redor deles.” (Jz. 2:12,13; 3:7; 10:6). Havia sempre um ciclo vicioso: (1) Israel deixava o Senhor para servir outros deuses; (2) Deus o entregava nas mãos dos seus opressores; (3) em sua aflição, Israel implora ao Senhor por livramento; (4) o Senhor lhe proporciona um libertador que rompe o jugo dos invasores. Enquanto vivia o juiz, o povo se mantinha fiel ao Senhor, porém após a sua morte, o povo de rebelava e caia em apostasia.

Este ciclo vicioso revela os sinais de um povo em crise. Destacam-se, nesse período de repetidos desvios de Israel, as seguintes crises:

· Crise espiritual: com incrível facilidade, o povo se afastava do Senhor, cultuando ídolos e praticando os atos pagãos das nações vizinhas. Com a apostasia dominando (veja Jz. 2:11-12), tem início uma fase de quedas espirituais na vida do povo. Pelo fato de não conquistar toda a extensão da Terra Prometida, Israel deixou ficar em sua vizinhança um povo cuja idolatria era fonte de perversões, de maldades e provocações ao Senhor. Com isso, os israelitas receberam uma forte influência negativa dos cananitas, comprometendo seriamente a sua vida espiritual;

· Crise de autoridade: Naqueles dias não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava reto.” Essa informação aparece em Jz. 17:6; 18:1; 19:1 e 21:5. Não havendo uma autoridade reconhecida e atuante, o povo mergulhava na confusão. Provérbios 11:14 diz: “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança”;

· Crise moral: num clima de apostasia (abandono da fé), anarquia (sem governo) e confusão, os princípios morais se degeneram e o povo se corrompe. Exemplo disso se encontra no capítulo 19, em que se registra o crime dos habitantes de Gibeá, da tribo de Benjamim. O perigo das crises sempre ronda o povo de Deus. Há, ainda hoje, entre o povo de Deus, práticas religiosas que distorcem e mancham a pureza da vida cristã. São práticas que, em vez de revelar espiritualmente saudável, tornam-se máscaras que escondem uma vida espiritual em decadência. Por exemplo, muitos são aqueles que tem um mau caráter, picaretas, violentos e maus exemplos no lar, mas tentam se esconder na frente dos outros (líderes religiosos) indo aos cultos com longas orações, falsa piedade... A falta de uma liderança bem estruturada favorece o desequilíbrio na igreja, resultando numa sucessão de crises.

2. Justiça e soberania: atributos de um Deus que age

O período conturbado dos juízes era um sinal claro que as pessoas não levavam em conta a justiça e a soberania de Deus. Quando Israel se estabeleceu em Canaã, tinha como objetivo recebido de Deus de revelar a existência de um Deus único, verdadeiro, santo e soberano. No entanto, o povo se rebelou e deixou de cumprir os propósitos de Deus para a sua vida. As consequências foram as opressões dos povos inimigos e o cativeiro. O abandono do Deus Santo resultou em uma situação desastrosa para os israelitas em Canaã.

Arthur E. Cundall, escreveu sobre o livro de Juízes: “O pecado do povo não era coisa insignificante, que se pudesse desprezar; ao contrário, era uma afronta à justiça de Deus e, como tal, visitado por julgamento severo e doloroso. Uma nação que abandona o Senhor ou rebaixa e compromete seus padrões, não pode esperar prosperidade em nenhum sentido.”

As conquistas do povo, por meio dos juízes, eram atos da soberania de Deus. O seu poder soberano é visto através dos vários livramentos dados aos israelitas, por meio dos juízes. Várias nações que foram dominadas eram muito maiores em número do que o próprio Israel. Assim, o Deus soberano é quem luta pelo seu povo (Juízes. 6:16; Salmo 20:7; 118:6,7).

O povo de Deus, ainda hoje, precisa saber que o Senhor está no controle de todas as coisas. A sua justiça e soberania são qualidades que revelam que Ele conduz a história de acordo com Sua vontade.

3. Graça e misericórdia: oportunidades para um novo começo
Repetidas vezes, aparece no livro de Juízes a expressão: “Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor.” Essa rebeldia contra Deus provocava a ira do Senhor, pelo que eram entregues aos inimigos. Alguns desses inimigos os próprios israelitas deixaram ficar na terra de Canaã, enquanto que a ordem de Deus era que fossem eliminados da terra. Contudo, quando o povo, gemendo sob a opressão do inimigo, voltava-se arrependido para o Senhor, era alcançado com  misericórdia e graça divinas. A compaixão de Deus se manifestava a Israel numa demonstração da grandeza do seu amor pelo povo escolhido. Para que se tenha noção da bondade de Deus, basta ler Juízes 2:18 e 10:15.

Contrastando com a pecaminosidade variada do homem, há a constância de um Deus que está sempre pronto a ouvir as angústias de seu povo desviado, e a intervir em seu favor. Ele não age precipitadamente, a fim de apagar o nome de uma nação que o tratou tão horrivelmente. Seus braços ainda estão abertos para receber aquele que clama por perdão. A paciência de Deus e a maravilhosa possibilidade de um novo começo, por meio da Sua graça, faz ressoar uma nota alegre no livro de Juízes, a qual não pode ser silenciada pelos sons discordantes e pecaminosos que parecem predominar.

Atualmente, muitos tem insistido em caminhar por caminhos de pecados. Porém Jesus é o grande libertador que veio para nos livrar das garras do diabo e da condenação. Nele encontramos a verdadeira liberdade e a vida plena (João 8:32,36; Colossenses 1:13,14; Apocalipse 1:4-6).

4. O problema da falta de legado de Josué

Percebemos claramente Moisés instruindo e preparando alguém para que fosse o seu sucessor (Êxodo 17:9-14; 24:13; 33:11; Deuteronômio 1:38; 3:21,28; Deuteronômio 31; 34:9). Entretanto Josué não havia preparado ninguém. Não sabemos se foi falta de alguém disponível ou se foi um erro da parte deste servo de Deus. A falta de deixar um discípulo que continue a obra de Deus traz consequências muito ruins, como vimos no livro de Juízes. Podemos ser usados por Deus para desenvolver grandes ministérios, mas se não atentarmos para a importância do legado, de formar discípulos que continuem a obra, pode ser que praticamente tudo se perca. Foi por causa disto, deste princípio, que o Senhor Jesus se preocupou tanto em formar os seus apóstolos, para que dessem continuidade ao Seu ministério na implantação do Reino de Deus. Ele focou grande parte da Sua vida preparando apenas 12 homens, mas que foram grandemente usados para ganhar o mundo. Sendo Jesus nosso exemplo (1 Pedro 2:21), devemos seguir os Seus passos.

4. O erro de buscar a Deus somente na necessidade

Outro ensinamento que podemos observar claramente no livro de Juízes é o fato de que os filhos de Israel se lembravam de buscar ao Senhor somente quando estavam sendo oprimidos, sofrendo nas mãos dos seus inimigos. Entretanto, quando tudo ia bem, facilmente se esqueciam do Senhor e acabavam dando ouvidos para os ídolos e falsos deuses dos povos vizinhos. Isto na verdade mostra que o povo de Israel não amava verdadeiramente ao Senhor. Seu coração era dividido, queriam na verdade servir a dois senhores, mas isto não é possível (Mateus 6:24).

As pessoas que não tem compromisso com Deus costumam clamar ao Senhor somente quando as coisas apertam, quando estão passando por enfermidades, ou dificuldades financeiras, ou mesmo outros problemas. Isto costuma muitas vezes ser o megafone de Deus para atrair estas pessoas para que ouça a Sua voz. Entretanto é triste observar que muitos, após receber a bênção, viram as costas para Deus, como se nunca tivessem conhecido a Ele. Isto aconteceu com a multidão que seguia após a Jesus. Receberam muitas curas, viram muitos milagres, receberam do amor do Senhor, porém foram os primeiros a gritar: “Crucifica-o!” Isto mostra que o interesse deles estava naquilo que o Senhor podia oferecer a eles e não na pessoa do Senhor. Outro fato a observar é que milagre não salva ninguém, mas sim um verdadeiro encontro com o Senhor Jesus!

Entretanto o que é mais triste do que isto é ver cristãos professos vivendo como se Deus fosse um mero “papai-noel”, ou seja, alguém com quem podemos trocar benefícios. Deus deseja ser nosso Pai, cuidando de nós, fazendo de nós seus filhos, parte de Sua grande família. E é fato observar como muitos tem dificuldade de chamar a Deus de Pai, pois pai é aquele que dá o que precisamos e não o que queremos!

O Dia de Descanso

Êxodo 20:8-11



Segunda: Isaías 56:1-8;
Terça: Mateus 12:1-14;
Quarta: Marcos 2:23-28;
Quinta: João 20:26-29;
Sexta: Atos 20:7-12;
Sábado: 1 Coríntios 16:1-4;
Domingo: Colossenses 2:16-19.


A palavra sábado não significa, necessariamente, o último dia da semana. Sabe-se que o sétimo dia da semana recebeu este nome porque a palavra sábado, de acordo com o sentido original (hebraico - shabath), significa descansar, folgar, respirar, tomar fôlego, parar, terminar. Originalmente em Gênesis 2:2, não significa que Deus ficou cansado e por isso descansou neste dia, pois Ele é o Deus que não dorme (Salmo 121:4), nem se cansa (Isaías 40:28). Para Deus, o shabath tem o significado de que Ele terminou a obra da criação, por isso santificou este dia e o deu como dia de descanso à criação, como uma benção para ela. Além disso, o sábado judeu não significava apenas um dia, mas podia representar um ano inteiro (Levítico 25:1-7) ou até mesmo períodos de festas (Levítico 23:37,38).

O povo que vivia na “casa da servidão”, no Egito, não sabia o que era descanso, pois o Faraó não lhe permitia nenhuma folga. Era preciso trabalhar e produzir para o Egito (Ex. 5:7-9). Na condição de escravos do Egito, os hebreus não podiam parar para festejar ou fazer qualquer outra comemoração (Ex. 5:1-5). Os trabalhos eram forçados e o Faraó não os via como pessoas, mas como máquinas que não podiam deixar de realizar o seu trabalho (Ex. 5:14-17).

Assim, a libertação de Deus traz ao povo a possibilidade do descanso e do alívio. Era um descanso para toda a família, incluindo os escravos e os estrangeiros, e também os animais.

O sábado tem a sua origem na criação em Gênesis, quando o Senhor Deus terminou a obra da criação (Gênesis 2:2,3). Ali o Senhor estabeleceu um tríplice ato: descansou, abençoou e santificou. Ao descansar o Senhor deu exemplo para suas criaturas, sobre o que elas deveriam praticar. Ao abençoar, Deus estabeleceu o descanso como um canal de bênçãos para suas criaturas. E, por fim, ao santificar, o Senhor mostra que precisamos separar um tempo para adora-lo. Mais adiante, o sábado é lembrado como um dia de comemoração da redenção da escravidão do antigo Egito. E, finalmente, fala de um repouso para os servos do Senhor Jesus na era da graça (Hebreus 4:1-11).

Interessante é que o mandamento está com uma ordenança para não nos esquecermos ("Lembra-te"). Cientificamente falando, ninguém se esquece de nada. Tudo fica registrado para sempre em nossa mente. Mas na prática nos esquecemos de datas, tarefas e outras coisas, quando nos esquecemos até mesmo de Deus! Mas o esquecimento acontece porque a nossa mente está voltada para outros assuntos. É o caso da guarda do dia do Senhor. Deus disse que o homem precisa santificar um dia da semana. Deixar de fazê-lo resulta em sofrimento para ele. Deus concedeu esse descanso ao homem, em primeiro lugar, como recompensa pelo seu trabalho. Quem trabalha merece descansar, quando ignoramos esta dádiva, lesionamos nós mesmos.

Em seu livro East River, Sholem Asch cita as palavras de um velho judeu, Moshe Wolf, com referência ao dia do Senhor. Ele disse: "O homem que trabalha não pelo pão de cada dia, mas para acumular riquezas, é um escravo. Foi por isso que Deus estabeleceu o dia do descanso. O que ocasionou verdadeiramente a libertação dos judeus do cativeiro do Egito, foi justamente o fato de reverenciarem o dia do descanso dedicado a Deus. Foi por meio desta prática que eles proclamaram sua condição de homens livres."

Em segundo lugar, Deus nos proporciona um dia de descanso porque todos precisamos refazer as nossas energias. Assim como uma pilha elétrica se descarrega e precisa ser carregada, assim também nós nos desgastamos fisicamente. Gerald Kennedy conta a história de dois grupos de pioneiros americanos que partiram para o leste, atravessando as planícies centrais dos Estados Unidos, e se dirigiram para a Califórnia. Um deles era guiado por um homem temente a Deus; o outro, por um incrédulo. O primeiro parava todos os domingos para descansar e cultuar ao Senhor. O outro, ansioso demais para chegar ao ouro da Califórnia, não perdia tempo com paradas. Viajava sem parar, todos os dias. Entretanto, sucedeu um fato notável: o grupo que observava o dia do descanso chegou ao seu destino antes do outro! Uma pessoa fisicamente exausta é totalmente improdutiva. Do mesmo modo precisamos recondicionar a alma.

A Bíblia não menciona nominalmente os outros dias da semana, ou seja, não dá nome especial para eles, como existe nas outras culturas. Isto confirma que o mais importante não é o dia em si, mas o que ele representa ou significa para nós.

Com a ressurreição de Cristo, o sábado do Antigo Testamento ou o sábado dos judeus, passou a ser, para os cristãos, o domingo (do latim “deis dominicus”, ou “dia do Senhor”), que é o Dia do Senhor, o primeiro dia da semana (João 20:19; Atos 20:7; 1 Coríntios 16:2).

Os cristãos guardam o domingo e não o sábado por estas principais razões:

· O sábado faz parte da aliança exclusiva entre Deus e o antigo Israel (Êxodo 20:8-11);

· Jesus não guardou o sábado como mandava a tradição oral dos fariseus (João 9:16);

· Estamos debaixo da graça e não da lei (Colossenses 2:16,17);

· No domingo Cristo ressuscitou, apareceu aos discípulos e autorizou a Grande Comissão (Mateus 28:1-6,19,20; João 20:19,26);

· O Espírito Santo desceu sobre a Igreja no domingo, pois o Pentecoste é comemorado cinquenta dias após o sábado da Páscoa (Atos 2:1);

· A Igreja do Novo Testamento guardava o domingo (Atos 20:7; 1 Coríntios 16:1,2);

· Dos dez mandamentos, apenas o quarto não é repetido no Novo Testamento;

· O domingo já estava em oculto no próprio Antigo Testamento, falando da obra do Senhor, sendo as primícias da ressurreição (Levítico 23:11).

Mas em tudo isto devemos lembrar que o foco não deve estar no dia, mas sim no Senhor que estabeleceu o dia. Ao focarmos num dia, podemos correr o risco de sermos legalistas, oprimindo as pessoas tal como faziam os fariseus e demais religiosos da época de Jesus. Paulo nos chama a atenção para que ninguém nos julgue por causa de sábados, festas ou luas novas (Colossenses 2:16,17). Fomos chamados à liberdade, e não para a escravidão (Gálatas 5:1). Ao querer guardar a lei, como forma de alcançar um favor de Deus, estamos nos separando de Cristo! (Gálatas 5:2,4). 

Ninguém será justificado perante Deus por meio da lei (Gálatas 3:11). Somos salvos pela graça, vivemos pela graça e somos aceitos perante Deus pela graça, através da fé!

Portanto, vamos ver algumas lições quanto ao Dia do Descanso ou Dia do Senhor:

1. O Dia do Descanso para a glória de Deus

A parte final do quarto mandamento apresenta um dos motivos pela qual o dia do descanso foi estabelecido: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus, a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou”. Fica, portanto, claro que, observar o dia de descanso, é agir como Deus agiu. O dia de sábado é apresentado como um tributo à glória de Deus. É para lembrar o que Deus fez como Criador e Libertador de Seu povo.

Em Êxodo 5:15 a guarda do sábado é apresentada para lembrar o Deus que liberta do poder da escravidão, tornando-se assim um memorial para todo o povo.

O domingo, Dia do Senhor, da ressurreição, deve representar o que Deus fez por nós e a libertação que Ele trouxe por meio de Seu Filho Jesus Cristo. Não são apenas os cultos ou outras reuniões dominicais que irão nos lembrar este feito; mas a vida e o testemunho dos cristãos que durante os outros dias da semana estiveram cuidando  de suas múltiplas atividades, precisam revelar que há um dia especial na semana, no qual nos alegramos em Deus pelos feitos dEle em nossa vida.

A visão de que o dia do descanso foi estabelecido para honra e glória de Deus, há de fazer com que a nossa atenção esteja mais focalizada não no dia em si, mas no Deus que estabeleceu o dia. É a visão da glória do poder do Senhor (1 Coríntios 10:31).

2. O dia do descanso para o bem-estar do homem

Quando a Bíblia afirma que Deus descansou no sétimo dia, não está dizendo que Ele se cansa ou precisa descansar, como já vimos. A afirmação deve ser entendida como cessar da obra criadora de Deus. Mas, o homem se cansa, sente o peso do trabalho, sendo que isto começou a partir da queda (Gênesis 3:19). Por isso ele precisa parar, folgar, tirar férias, descansar. No Egito, os hebreus não tinham descanso, mas como libertos por Deus eles recebem este presente do quarto mandamento, para que possam revigorar-se e estar mais preparados para a jornada de seis dias de trabalho. O Deus que determinou o trabalho é o mesmo que apresenta a possibilidade de descanso.

No Novo Testamento percebe-se que os escribas e fariseus fizeram tantos acréscimos à lei do sábado que o povo se sentiu “oprimido” e “sobrecarregado”. Jesus foi acusado por eles de violar o sábado (João 9:16). De fato, Jesus não se deixou escravizar pelo sábado e afirmou: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27).

Nas palavras de Carlos Mesters “Jesus denuncia o desvio da lei e coloca o sábado novamente a serviço da vida do ser humano. As necessidades do povo estão acima da lei do sábado (Mateus 12:1-8; Lucas 13:16,17).” O mesmo acontece com o domingo. A maneira como alguns guardam o domingo nos faz pensar que ele foi estabelecido para a morte e não para a vida, pois se afadigam e sobrecarregam-se com excesso de atividades religiosas. Não devemos nos esquecer que o fardo do Senhor é leve (Mateus 11:28-30). E que são as obras mortas que trazem peso, ou seja, as atividades que fazemos pensando que são para Deus, mas Ele nunca nos chamou para fazê-las.

Por outro lado, muitos são aqueles que, no domingo, não fazem mais nada, além de participar de um ou outro trabalho da igreja. Será que o mandamento do descanso é para não se fazer nada? Há aqueles que neste dia não fazem nada de útil para si, sua família e seu próximo. Uma boa parte dos cristãos passa o domingo inteiro assistindo televisão, por sinal, programas de péssimo nível. Desta maneira acham que estão de acordo com o princípio do dia do descanso. E ainda existem aqueles que conseguem agir pior. São carnais e pecaminosos a semana inteira e, no domingo, mudam totalmente o comportamento, como se fossem outras pessoas, agindo por pura hipocrisia e farisaísmo. Não é o dia que nos torna santos, mas o Senhor que pelo Seu Espírito nos santifica, para vivermos santos neste dia e em todos os dias, pois, afinal de contas, todos os tempos são do Senhor. Ele é o Autor dos dias! (Salmo 118:24).

Existe muito formalismo e legalismo em torno do domingo. São regras quanto ao que se pode fazer e o que não se pode fazer. O fato de ser Dia do Senhor não significa que todos precisam passar o dia inteiro trabalhando na igreja ou, então, trancados dentro de casa. É preciso ter uma visão mais libertadora do domingo, entendendo o que o apóstolo Paulo disse: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz “ (Romanos 14:5,6). “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábado” (Colossenses 2:16).

Às vezes perdemos tanto tempo discutindo a respeito das coisas que não podemos fazer no dia do descanso, que nos esquecemos das que devemos fazer. Deus nos concedeu este dia para que tenhamos oportunidade de desfrutar algumas das melhores e mais importantes realidades da vida, e não para que nos fosse um dia de proibições.

Nós somos apressados demais, e corremos mais do que podemos. A Bíblia nos diz: "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus" (Salmo 46:10). A verdadeira beleza não é agressiva, é tranquila. Nossos melhores disposições não são barulhentas. Os apelos da Divindade ao homem são sempre em uma voz mansa e suave. O retrato que o Novo Testamento nos dá de Cristo é: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo" (Apocalipse 3:20). Deus não é importuno. Não invade a vida de ninguém sem ser convidado. Ele é reservado e cortês. Nós precisamos de um dia ao menos para ouvir uma voz como a dEle; um dia em que concedamos audiência ao Altíssimo.

3. O dia de descanso e o verdadeiro descanso

Para o cristão, o mais importante é saber que ele descansa numa Pessoa e não num dia. O descanso está em Cristo; Ele é o nosso sábado ou domingo. Sem esta compreensão torna-se difícil viver de modo correto o Dia do Senhor. Esta maneira de ver o domingo liberta do legalismo e do formalismo que muitas vezes estão presentes em nossas igrejas em relação a este dia, à semelhança do legalismo dos escribas e fariseus quanto ao sábado.
Quando Jesus declarou: “Vinde a mim os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim porque eu sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30), Ele estava se referindo ao peso das tradições orais e acréscimos à lei, impostos pelos judeus. É na pessoa de Jesus que se tem o verdadeiro descanso.

Por ser o Dia do Senhor, o domingo só pode ser bem compreendido e bem vivido por aqueles que verdadeiramente estão no Senhor e na Sua pessoa descansam.

Assim, pode-se dizer que o cristão guarda o domingo para o louvor da glória de Deus, para o seu próprio bem-estar, entendendo que este dia é uma lembrança do descanso que Cristo veio trazer aos que são salvos por Ele.

Considerações finais

O que de mais grave tem se visto no tratamento que algumas religiões pseudo-cristãs tem feito com relação ao sábado é um movimento legalista que apóia a seguinte ideologia: que se deve fazer algo para que se tenha a aprovação de Deus. Além disto, tem aqueles que procuram ser cumpridores da lei com medo de que Deus venha puni-los, ou até mesmo perder a salvação por não guardá-la como, por exemplo, aqueles que pensam que se não guardarem o sábado irão para o inferno. Entretanto deve-se entender que, primeiramente, Jesus levou sobre si todos os nossos pecados (Isaías 53:4,5) e que Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). Deste modo, nenhum homem será condenado por causa dos pecados, mas sim se tão somente negar a Jesus, não o recebendo como seu Salvador (João 3:36). Outra questão importante a salientar aqui é que não se pode fazer com que Deus nos ame mais ou nos ame menos pelo aquilo que viemos a fazer, pois seu amor por nós é constante. O que fazemos, é por graça, sendo esta a atitude espontânea do filho de Deus, pois esta é a sua natureza. Os filhos de Deus agem assim pois o amor de Deus os invade a tal ponto que agem como Ele age: por amor!. As boas obras, a obediência aos mandamentos de Deus, vem como atitudes de amor, simplesmente se faz porque ama e não porque se quer algo em troca. 

Outro ponto importante a ser esclarecido é que por mais que nos esforcemos a agradar a Deus, não conseguiremos (Romanos 7:18; Filipenses 2:13). Devemos antes confiar na direção do Espírito e viver na dependência de Deus. A vitória da vida cristã está no fato de que devemos cada vez mais nos esvaziar de nós mesmos para que possamos ser cheios dEle. Deixar Ele viver em nós! No livro de Gálatas conta a história de crentes que começaram a crer e agir por fé, porém continuaram sua vida com Deus confiando na carne, se apoiando na lei. Paulo chama bastante a atenção e demonstra pelas Escrituras que devemos começar pela fé, continuar pela fé e terminar pela fé!

Não devemos nos esquecer que o dia do descanso é um benefício dado ao homem e não um peso sobre ele (Marcos 2:27). Jesus é o Senhor do sábado (Marcos 2:28). Isto significa que sendo Senhor, descansa como o proprietário, para que os seus servos desfrutem (Êxodo 23). O descanso do Senhor é o seu sepultamento, Ele morre para que outros tenham vida. O Senhor do sábado descansa para que outros tenham alento. Ele cumpriu o sábado tanto na vida quanto na morte, tornando-se o Senhor do descanso (Mateus 11:28,29). O sábado foi feito para aqueles que que não gozavam o descanso (Êxodo 23:10-12). Somente Jesus pode oferecer o novo descanso (Hebreus 4:9). O bem do sábado era a liberdade e o descanso, pois escravos não descansam, nem liberdade possuem. O sábado foi dado para fazer o bem e não o mal (Lucas 6:9). Desta forma não é para oprimir ninguém. Por fim, os judeus tinham apenas o sábado para separar para o culto a Deus no templo. Hoje nós somos o templo do Espírito (1 Coríntios 6:19) e cultuamos a Deus a todo o momento. Nossa vida é adoração e somos dEle por completo, não apenas em parte!